Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4, é o sexto e último jogo da saga “Ultimate Ninja Storm” desenvolvido pela CyberConnect 2 e publicado pela Namco-Bandai. Está presente nas seguintes plataformas: Playstation 4, Xbox One e Steam. Foi lançado a 4 de Fevereiro no Japão, a 5 de Fevereiro na Europa e a 9 de Fevereiro no continente americano. (Esta crítica será baseada num “playthrough”na PS4).
Cerca de ano e meio após o lançamento de Naruto Ultimate Ninja Storm: Revolution, eis que chega Naruto Ultimate Ninja Storm 4, o último capítulo da saga “Storm”, cuja história se desenrolará até ao fim dos 700 capítulos do “manga”, celebrizado por Masashi Kishimoto. De modo a facilitar a compreensão do leitor, iremos avaliar o jogo através de vários segmentos diferentes, tais como o modo história, os gráficos, a jogabilidade, entre outros.
Se há algo em que a CC2 deve ser elogiada, é na sua elaboração do modo história ao longo da saga “Storm”, no seu primeiro jogo “next-gen” a experiência do modo história está melhor do que nunca. O sentimento e essência do anime estão capturados na perfeição (superando inclusivamente o anime), as sequências gráficas e o artwork das mesmas está entre as melhores entre qualquer jogo baseado num anime à data.
A história retoma o ponto em que terminou no Naruto Ultimate Ninja Storm 3, desenrolando-se até ao fim do manga. As batalhas não são geralmente difíceis, especialmente para jogadores veteranos da série, embora obter o rank “S” possa ser um desafio, particularmente devido a alguns “quick-time events” difíceis de executar na perfeição. As “cutscenes” são bastante longas, o que poderá desagradar a alguns jogadores, mas sendo este um jogo destinado essencialmente aos fãs do anime/manga, esta questão torna-se pouco relevante. Outro aspecto particularmente bem executado (embora por vezes frustrante) são as batalhas de “gigantes” presentes na “story mode”. Em suma, o modo história é de longe o melhor aspecto do jogo (numa óptica de “single player”) , e o último jogo da saga conseguiu também deixar a sua marca neste sentido, um epílogo com nota claramente positiva.
A jogabilidade foi sem dúvida o aspecto do jogo que mais mudanças sofreu face aos anteriores. As duas principais diferenças residem em questões aparentemente simples, mas cujo impacto é notório. A primeira novidade é a implementação do sistema de “leader-change”, em que existe a possibilidade de mudar de líder de equipa, seja este de 2 ou 3 elementos. Este aspecto veio revolucionar o “gameplay”, ampliando as estratégias disponíveis e conferindo uma maior variedade de combinações aos jogadores, destacando a importância de escolher uma equipa que se complemente, ao contrário das versões anteriores, em que bastaria escolher um líder de equipa, utilizando dois personagens de suporte unicamente para esse efeito.
A outra grande mudança está relacionada com o “counter”, esta mecânica implementada em Storm Revolution foi particularmente controversa pois produzia um efeito de atordoamento ao personagem afectado, em que ficaria 6 segundos à mercê do seu adversário. Em Storm 4 o counter foi modificado, produzindo um efeito de “knock back”, destinando-se principalmente a evitar maior pressão por parte dos adversários. Isto resultou numa melhoria substancial na mecânica do jogo, levando os jogadores a ser menos conservadores, pois em Storm Revolution sofrer 1 ou 2 counters resultaria em derrota quase certa.
Destaque-se ainda o sistema de rondas, não só torna os combates mais competitivos como também se actualiza face à grande maioria dos jogos de luta. Uma boa adição, que complementa uma jogabilidade notoriamente melhorada. À semelhança da história, a jogabilidade de Storm 4 atingiu o ponto máximo da saga.
Analisando as personagens adicionadas ao jogo, é possível denotar que a CC2 foi bastante cirúrgica em termos de novas entradas no “roster”. Todas as personagens novas detêm relevância para a história e foram no geral bastante bem elaboradas, algo em que a CC2 tem melhorado ao longo dos anos. Sendo este o lado positivo, há que destacar também a falta de “updates” face a alguns personagens mais antigos e bastante solicitadas pelos fãs, bem como o simples desaparecimento dos personagens “support-only” dos jogos anteriores, o que contribuiu para uma sensação limitada de novidade, em termos de personagens.
O DLC pack 3 irá adicionar novas personagens ao jogo, sendo estas o Quarteto do Som. Esta medida é positiva no sentido em que eram personagens muito requisitados pelos fãs, no entanto, o Quarteto do Som situa-se historicamente na primeira parte de Naruto. A sua relevância actual para a história é nula, e o facto de já terem estado presentes como personagens de suporte em jogos anteriores e agora serem comercializados como DLC parece-me bastante questionável. Porém, sendo uma DLC, a sua compra será sempre facultativa.
Graficamente, pouco há a dizer. A saga Storm sempre teve gráficos de ponta em termos de jogos baseados em anime e em Storm 4 a sua tendência para melhorar está claramente presente nesta sua primeira incursão na nova geração. Algumas sequências do modo história são particularmente impressionantes em termos gráficos, com uma infinita quantidade de novas partículas e detalhes. Nota positiva para a CC2 neste aspecto.
O modo aventura é essencialmente um aspecto “free-roam” do jogo, em que o jogador controla Naruto após o fim do modo história, efectuando várias tarefas simples e frequentemente monótonas, leva algumas horas a ser completado a 100%. Geralmente, não será um modo essencial para a maioria dos jogadores mas para os mais perfeccionistas será certamente um modo a explorar. O modo aventura dos jogos anteriores nunca foi particularmente interessante (exceptuando no primeiro Storm) e a tendência manteve-se.
O modo online é onde grande parte dos jogadores irá passar mais tempo após terminar o jogo. A comunidade Storm é particularmente activa e a base de fãs de Naruto torna-a bastante vasta. No entanto, o futuro de uma comunidade depende bastante da sua interactividade. Em Naruto Ultimate Ninja Storm 4, as funcionalidades do online foram inexplicavelmente reduzidas. Isto torna-se particularmente evidente com a remoção do modo espectador no modo “Endless” (e a sua redução para apenas 4 jogadores), o jogador vê-se cingido a olhar para um menu enquanto os seus adversários combatem o que é inaudito num modo que se pressupõe interactivo.
Outra das questões principais é o “netcode”, isto é, os elementos na mecânica de jogo que determinem a fluidez ou não da jogabilidade online. O “netcode” na saga Storm nunca foi fantástico, mas em Storm 4 está particularmente fraco. Tornou-se bastante difícil jogar online sem a presença de algum lag, que por vezes impossibilita inclusivamente um combate fluído e bem disputado, originando também em disconexões aleatórias de jogadores. A juntar a isto há que referir também a presença de alguns “bugs” que acabam por deteriorar a experiência online. O lado positivo é que todos estes aspectos são passíveis de ser solucionados através de “patches”, espero que seja esse o caminho seguido.
Naruto Ultimate Ninja Storm 4 é uma excelente conclusão de uma das melhores sagas em termos de jogos baseados em anime, e provavelmente o melhor “fighter” 3D actualmente, apesar da sua vertente mais casual e menos competitiva que não permite a sua comparação a jogos de luta mais conceituados como Mortal Kombat, Street Fighter e Tekken. Storm 4 deve ser avaliado precisamente como um jogo dentro do seu género de anime, destinado a um grupo alargado de fãs de Naruto, simultaneamente numeroso e leal. Registaram-se melhorias gerais no jogo que o tornam no melhor até à data, no entanto, as questões enunciadas no modo online podem afectar a sua longevidade e impedem-no de ter uma nota mais elevada na nossa apreciação, fica o nosso repto para que a Bandai Namco e a CyberConnect2 solucionem esses problemas o quanto antes. (Nota final: 7/10)
Escrito por: Ângela Costa & Luís Rodrigues