Estávamos no ano de 1989 e a Nintendo, com a sua NES, dominava o panorama dos videojogos a nível mundial. Nesse ano, a 15 de Dezembro, a Capcom, produtora de títulos como Resident Evil e Devil May Cry, lança em exclusivo no Japão talvez a obra prima mais desconhecida de toda a biblioteca de jogos da consola: Sweet Home.
Sweet Home é um JRPG de horror como já não se fazem. Se se consideram amantes de RPG’s e nunca jogaram Sweet Home então estão a perder talvez a melhor experiência do género numa consola 8-Bit.
Antes de ir a historia do jogo é de salientar que, embora não se saiba qual inspirou qual, existe um filme, disponível no Youtube, com o mesmo titulo do jogo. Ou seja se forem experimentar o jogo vejam o filme também porque acabam por se complementar muito bem um ao outro.
O enredo do jogo é bastante simples: 30 anos antes da data do jogo um famoso artista, de seu nome Yamamura Ichirou, pintou e escondeu numa mansão vários quadros, ou frescos como são referidos no jogo.
É então que uma equipa de cinco aventureiros, Kazuo Hoshino (que tem como arma principal um isqueiro), Ryō Taguchi (que leva a câmara de filmar), Akiko Hayakawa (que serve como a curandeira do grupo), Asuka (que usa um aspirador) e Emi Hoshino (especialista em abrir portas), decide entrar na mansão na tentativa de os encontrar para posteriormente os vender e se tornarem famoso.
É ai que o jogo começa com os cinco elementos a chegarem a mansão. Poucos segundos depois o fantasma de uma mulher aparece e destrói a entrada impossibilitando a saída deles. Aqui notamos logo uma diferença no clássico estilo RPG: só conseguimos controlar 1 personagem de cada vez sendo que para controlar todos ao mesmo tempo é necessário criar equipas. Deste modo é possível a criação de varias estratégias e que serão fulcrais no avanço do jogo e que vão permitir ao jogador ter varias opções de combinações entre os elementos.
Com o avançar da historia os jogadores descobrem a verdadeira tragédia que aconteceu na casa: a 30 anos o filho do casal, na altura com dois anos, morreu incinerado na caldeira da mansão o que levou a mãe, de nome Mamiya, a cometer vários infanticídios e terminando por se suicidar.
Sweet Home é um JRPG com vista superior e com uma animação e som fora de serie. Os inimigos aparecem e sempre que isso acontece a musica muda de forma a deixar o jogador em total suspense sobre o que lhe vai surgir. E acreditem que nunca viram animações assim na NES. Desde pessoas totalmente desfiguradas a monstros com um nível de detalhe impressionante, este jogo leva as capacidades gráficas da consola ao máximo.
As próprias armas que cada personagem tem são indispensáveis a terminar a aventura uma vez que muitas vez vão precisar do isqueiro para verem uma zona não iluminada, ou do aspirador para poderem passar num sitio onde não conseguem. Toda esta gestão faz com que seja essencial ter as personagens certas para o local em que se encontram. Outro ponto de salientar é o factor morte.
Esqueçam poções para restabelecer vida as personagens, em Sweet Home quando alguém morre não é possível fazer-lo voltar. O próprio final do jogo varia consoante o numero de personagens que conseguirem levar com vida ate ao final. É então possível apanhar as mesmas armas com as quais começam de forma a que, se o personagem que a usa morrer, seja possível terminar o jogo.
Com todos estes aspectos, e ainda o facto de terem um inventario muito limitado por personagem, Sweet Home torna-se um jogo único dentro no género e que é capaz de agradar a qualquer fã de RPG’s.
O jogo nunca viu a luz do dia fora do pais do sol nascente, muito provavelmente por ser muito gore para o mercado europeu e americano, mas é possível, graças a uma tradução feita por fãs, jogar em inglês seja por emulação seja por um cartucho de reprodução carregado com a ROM traduzida e no hardware original.
Escrito por : Jorge Barbosa