Volto hoje a analisar um outro jogo nipónico para a Playstation 1, seguindo o que tenho feito neste rubrica, mais uma vez também, um jogo mais obscuro dentro do género puzzle.
Encontrei-o, ainda selado, num grupo de Facebook de leilões e ao parecer-me que poderia lá ter conteúdo interessante para este site, decidi arriscar e consegui ficar com ele. Apesar de me custar sempre abrir jogos selados já com esta idade, fiquei muito curioso para testar este novo título.
Turnabout, também conhecido como Midi Higari (U-SA) no Japão, foi desenvolvido pela Artdink, estúdios mais conhecidos por terem desenvolvido A-Train (jogo de estratégia publicado no ocidente pela Maxis) e foi lançado originalmente em 2000. Apenas em 2003 chegou à América do Norte e em 2004 à Europa, numa época em que a PLaystation 2 já dominava o nosso mercado, tendo ficado algo esquecido, tal como muitos dos últimos títulos da primeira Playstation.
O conceito em si é bastante simples – Neste puzzle devemos tentar juntar todas as esferas ou blocos da mesma cor utilizando a gravidade, rodando o campo de jogo 90 graus a cada movimento. Para nos dificultar a tarefa temos também blocos que se movem apenas para nos bloquear o caminho e que temos de não só aprender a contornar, mas também até usá-los em nossa vantagem.
Temos 100 níveis diferentes para resolver, sendo que apenas temos acesso aos segundos 50, depois de finalizados os primeiros. Após estes, ainda temos um editor de níveis que nos permite a criação de até 50 níveis adicionais, excelentes para desafiar amigos ou até a nós próprios. Caso fiquemos presos nalgum nível, não somos obrigados a acabá-lo para avançar em frente. Podemos a qualquer momento avançar em frente e tentar um outro desafio caso fiquemos presos ou podemos até mais tarde voltar a desafios antigos para tentar uma melhor pontuação, resolvendo o mesmo puzzle com menos passos.
Devido à extensão do jogo recomenda-se que usemos um cartão de memória, também para guardar a nossa pontuação. Nas opções é permitida a customização total do ecrã de jogo, com várias músicas, temas gráficos e até a opção de ligar ou desligar o fundo, tal como também permitir ou não a sua rotação. Como este tem um padrão tipo caleidoscópio que roda juntamente com o ecrã de jogo, pode tornar-se confuso para alguns jogadores com as constantes rotações.
O mais aconselhado para tentar a resolução no menor número de passos possível será olhar para o bloco ou esfera alvo e tentar fazer o caminho do elemento controlado por nós no caminho inverso. Assim, percorrendo várias opções mentalmente, conseguimos chegar ao final do nível sem gastar mais passos pelas várias tentativas de resolução.
Essencialmente é um jogo simples mais muito bem conseguido, dá a ideia de que os estúdios responsáveis pelo desenvolvimento, tendo alcançado rapidamente aquilo que pretendiam ao desenvolver o motor de jogo, dedicaram-se à criação de extras gráficos e sonoros, além do próprio editor de níveis que ajudam a estender o tempo de jogo.
No entanto, a simplicidade que para alguns pode ser viciante, a mim aborreceu-me logo ao fim de uma meia dúzia de níveis. Sempre com o mesmo visual e música genéricos, sem nada que o destaque ou torne único em relação à concorrência, acaba por se tornar repetitivo, mesmo que esteja extremamente bem concebido.
Para além disto, a constante rotação do ecrã do jogo de um lado para o outro a certa altura deixou-me tonto e a achar que este tipo de jogos não é definitivamente para mim.
Um jogo como o Starsweep, já aqui analisado, também bastante simples em conceito, acaba por se tornar viciante com a ajuda da excelente música e gráficos “kawaii”. Infelizmente, este jogo com uma aposta tão genérica a nível de estética acaba por se tornar apenas mais um sem qualquer personalidade.
Não é, por isso, de admirar que não só tenha tardado a sua edição cá na Europa), como também o ter saído através de uma editora mais dedicada a títulos budget (Zoo Publishing) e até o não ter vendido na época e só ter muito recentemente saído agora da loja para onde foi há 17 anos e ficou esquecido…
Escrito por: Pedro Pimenta