Yume Miru Kusuri (A drug that makes you dream, na versão inglesa) é sem dúvida um dos melhores “eros game” que alguma vez tive o prazer de jogar.
Começando no “plot”, temos três histórias completamente distintas sendo que as nossas escolhas no jogo conduzirão-nos para uma das três heroínas possíveis o que dá um grande poder às escolhas que fazemos. já que são poucas mas mudam radicalmente o guião. O nosso protagonista tenta ter uma vida normal, comum, banal mas será atraído para estas heroínas que lhe oferecem realidades novas e fora do comum.
Os vários enredos possíveis estão muito bem construídos por exemplo no caso da Aeka é apresentado uma imagem do “bulling” na escola. O nosso protagonista no inicio evita a todo custo envolver-se com a Aeka tentando assim manter a sua “vida normal” intacta mas acaba por não suportar ver a tortura feita a Aeka e tenta ajuda-la. Neste primeiro caso, vemos os efeitos do “bulling”agressões sobre a figura psicologicamente instável da Aeka que se junta ao protagonista na procura de alguma segurança que desaparece quando a turma ao ver a Aeka protegida e feliz revolta-se contra o protagonista numa atitude vingativa. Para mim, este será o cenário melhor construído e um bom exemplo do que o “bulling” é e dos seus efeitos. Além disso é muito difícil o jogador não se sentir atraído pela figura frágil mas adorável da Aeka.
Já no segundo caso, temos a cena estereotipada de Mizuki, uma “perfect idol” presidente da associação de estudantes que aparenta ter tudo mas que se sente vazia por dentro e que procura juntamente com o nosso protagonista preencher esse vazio. Esta procura leva-a a viver no limite que parece só poderá acabar num destino fatal. Isto tudo a girar claro à volta do vazio da sociedade moderna japonesa onde a vida aparentemente não tem significado, está normalizada e vazia.
O terceiro caso gira à volta da bizarra Nekoko que aparentemente vive num mundo fantástico que só ela conhece. O protagonista acabará por tentar ajudar a encontrar a aparentemente impossível “fairy land”. Este cenário está cheio de piadas completamente hilariantes de cair a rir mas que esconde no fundo uma busca irreal resultado duma tentativa de escapar de um mundo aborrecido e padronizado recorrendo as drogas.
Também o resto dos personagens está bem feito, deste a irmã mais nova com um complexo “Loli” ao colega do trabalho “gay” com uma paixão por “ero games” onde se assiste a uma auto-crítica dos “ero games” sendo que o protagonista se queixa dizendo que era bom se os seus relacionamentos fossem como nos “ero games” mas que a vida real é muito mais complexa e cruel.
Quanto ao visual é muito original com um uso de tons tipo aguarela, nada nos fundos urbanos é completamente nítido dá a sensação de se estar a perder a noção de realidade, muito bem conseguido e realmente ajuda a criar um bom ambiente para a história. A música não é má mas também não é algo que fique no ouvido, a única excepção é o tema inicial.
Quanto as cenas eróticas há no meu ver um certo exagero no caso da Nekoko onde acaba por haver cenas a mais, mas este é um “ero game” que tem verdadeiramente várias histórias com temas interessantes, bem construídas e que valem por si próprias. E se o conteúdo mais “picante” constituir um problema há sempre a opção de avançar para a frente rapidamente.
Autor: Roberto Rodrigues