Desde alguns anos a esta parte que o mercado das edições manga em Portugal estava estagnado. A primeira vaga de séries que apareceu no mercado nacional as séries de Ranma 1/2 e Spriggan pela Porto Editora, Akira e Mother Sarah pela Meribérica, depois veio a segunda vaga com mais duas tentativas de edição, Dark Angel pela Devir e a editora Naraneko com Mai Hime, Vampire Princess Miyu e Lupin. E agora penso que estamos na terceira vaga e penso mesmo que esta é de vez.
No ano passado foi a vez da Asa no inicio começou por editar alguns titulos de manga do catálogo da editora americana Tokyo Pop desenhados por autores não-japoneses, com os títulos Dramacon, Princesa Pessêgo e Warcraft. Este ano, ataca finalmente com autores japoneses para a alegria da comunidade. E que ataque!!!
Não sei se foi propositado ou não, mas a escolha da Asa para iniciar o seu catalogo de edições manga não podia ter sido melhor, ou seja, se é para começar que seja do princípio. E quem melhor para começar do que provavelmente um dos autores mais consagrados de toda a história da banda desenhada e de um dos maiores clássicos manga.
Astroboy (Tetsuan Atom, no original) nasceu como um personagem manga em 1951 e foram publicadas na revista Shounen Magazine. Foi criado por Osamu Tezuka (1928 1989), o consagrado Deus do Manga. Apesar de não ser o personagem principal, logo chamou a atenção do público e no ano seguinte ganhou seu proprio título (o qual só chegou ao ocidente em 1992 pela editora Dark Horse), e daí em diante rapidamente conquistou o status de ícone no Japão.
A história conta-nos as aventuras de um robot criado por um cientista de nome Dr. Tenma, presidente do Ministério da Ciência e decidiu criar este “cyborg” para trazer de volta a vida do seu filho Tobio morto num acidente. Tinha como objectivo primordial criar uma forma de vida que fosse uma réplica perfeita, que fosse capaz de ter sentimentos e a mente de um ser humano. Depois do nascimento de Astroboy ele é até que chega às mãos do Dr. Ochanimizu, que decidiu criar Uran (ou Zoran) para ser a irmã Astroboy, e dar-lhe o papel fundamental de ensinar a Astroboy sobre os valores familiares, relações humanas e sua responsabilidade com o mundo em que vive. Isto faz com que Astroboy seja um robot ciente das suas acções e que luta apenas pela paz para o bem de todos.
A edição do manga pela Asa está bastante boa e não fica nada atrás das edições das principais editoras estrangeiras como a Tokyo Pop ou a Viz. Um dos pontos a favor desta edição é o facto de terem mantido o manga no formato original, ou seja, inicia-se a leitura das páginas da direita para a esquerda. A qualidade do papel e a impressão também está boa e valorizam os suaves traços de Tezuka, que usava e abusava de expressões detalhadas e variadas, conferindo-lhe um estilo único e genial.
A capa e contra-capa estão bonitas e apelativas, e gosto do pormenor da “etiqueta” no lado esquerdo da capa especificando o tipo de manga que é, neste caso estamos perante um manga shounen (nome dado aos manga direcionados para um público masculino jovem).
Os direitos de tradução para Portugal foram disponibilizados pela Tezuka Productions através da The Kashima Agency, no entanto, presumo que a tradução não tenha sido feita do original japonês, mas sim da versão inglesa da Tokyo Pop (e avisem-me se estiver errado), mesmo assim julgo que a tradução está bem feita e sem erros de maior. O preço para cada volume será de 7.95 um valor que acho justo para o tipo de edição, e mais barato comparando com as das outras editoras estrangeiras.
Em suma, ler as aventuras de Astroboy é uma experiência cheia de boas surpresas. É um mangá divertido, sério, bem-humorado, simples, perturbador, ou seja, é uma leitura obrigatória para aqueles todos aqueles que gostam de boas histórias. Demorou 60 anos a chegar a Portugal, mas valeu a pena. É caso para dizer, quem espera sempre alcança.
Autor:Fernando Ferreira