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[Entrevista] : Bruno Rola

Mais um português a tentar a sua sorte no mercado manga. Bruno Rola é um jovem artista que escolheu a temática militar para criar a sua primeiro obra intitulada Desert Storm Stories inspirada no estilo manga (banda desenhada japonesa) e lançado no mercado americano via Amazon Books. O ClubOtaku esteve à conversa com este autor para sabermos mais um pouco sobre o seu processo artistíco e outros assuntos.

Como nasceu a tua paixão pela BD?
A minha paixão pela banda desenhada revelou-se entre os 5 e os 6 anos de idade. Mesmo antes de saber ler desfolhava os livros do Asterix do meu irmão mais velho, atraído pelas imagens e cor, tentando depois imitar (na altura sem sucesso) os desenhos e as personagens.

Dos vários estilos de banda desenhada, decidiste escolher o manga. Porquê?
O que me atrai na Manga é o facto de não ser tão estandardizado como o estilo de comics Americano e apesar de já não ser um estilo novo está em permanente evolução e permite a cada artista desenvolver o seu próprio estilo dentro do género Manga.

Quais as tuas maiores referências?
As minhas referências curiosamente não vêm do Manga, pelo menos as iniciais. Isso deve-se ao facto de ter sido muito influenciado pela banda desenhada francófona. Nomeadamente pelo Moebius que é o meu grande mestre, o Franquim e o Uderzo. Desde que me envolvi no universo manga a minha principal referência é o Satou Shouji criador da série Highschool of the Dead.

Penso que Desert Storm Stories é a tua primeira obra. Como apareceu a história e fala-nos um pouco do teu processo criativo?
A ideia para o conceito apareceu há cerca de um ano e meio quando ainda morava em Amesterdão. Achei interessante combinar o género manga com temas épicos da história recente Americana, como a primeira Guerra do Golfo Pérsico. O guião foi escrito na viagem de avião quando regressava a Portugal.
As histórias e as personagens aparecem sempre por acaso, normalmente em períodos de descontracção. Tenho sempre comigo um bloco A5 onde registo sempre esses momentos preciosos.

E foi mais fácil criar as personagens ou a história?
O argumento foi mais fácil de criar. Traduzi-lo para imagens foi mais trabalhoso. A personagem principal (Sargento John Knox) passou por várias metamorfoses até ao produto final, já as restantes personagens (Bear e Thomson) ganharam forma de uma maneira imediata.

Como é a tua forma de trabalhar? Utilizas o computador directamente na criação do manga, ou ainda trabalhas “à moda” antiga de desenhar primeiro e depois passar para digital?
Eu gosto de desenhar à mão. Gosto do contacto da mão com o papel e o som da grafite. Esse é um prazer que para mim é indispensável na produção de uma novela gráfica. No entanto, todo o restante trabalho gira à volta do computador. Na produção do Desert Storm Stories utilizei como software Photoshop, Indesign, Autocad, Cinema 4D e o Sketchup.

O manga foi lançado pela Amazon americana. Porque escolheste esta opção? Tentaste editar em Portugal ou as editoras não foram receptivas ao teu trabalho?
Esta série foi lançada inicialmente nos Estados Unidos por uma questão de mercado. A dimensão do mercado Americano é muito atractiva especialmente para um artista em inicio de carreira como eu, que não pretende passar pelas limitações, desilusões e permanente busca pela sobrevivência que infelizmente os artistas Portugueses acabam por passar quando se limitam exclusivamente ao mercado nacional.

E como tem sido a recepção do teu manga entre a comunidade de fãs de manga em Portugal e as vendas na Amazon?
As vendas na Amazon têm sido muito boas para um novato como eu, obviamente o carácter global e flexibilidade desta editora contribuíram muito para isso. O esforço de divulgação que investi nas redes sociais e em sites especializados revelou-se também muito compensador.
A divulgação do livro em Portugal começou muito recentemente com o lançamento de uma edição em Português. Tive a oportunidade de a divulgar no Festival de Banda Desenhada da Amadora que ainda decorre. A organização não tinha espaço para autores independentes, mas permitiram que promovesse o meu livro dentro do recinto aos visitantes, livreiros e editoras. A reacção do público que contactei foi muito positiva e fiz bons contactos com livreiros que querem vender o livro nas suas lojas. Acabei por descobrir que o público consumidor de Manga em Portugal é maior do que eu pensava.

Achas que a internet é uma plataforma importante para a BD actual? Para ti, quais as suas vantagens e desvantagens?
A Internet é uma plataforma indispensável no mundo actual e no mundo da Banda Desenhada. Tornou possível atingir mercados distantes e redefiniu consideravelmente a maneira como as editoras e os autores funcionam. O lado negativo de todo este processo são os downloads não autorizados.

Voltando a Portugal, como é que vês o panorama e a produção nacional de manga? E quais os conselhos que deixas aos novos autores (sendo tu também um novo autor)?
Existe um número relevante de consumidores de Manga em Portugal, no entanto as grandes editoras têm estado um pouco desligadas deste movimento crescente. O número de autores nacionais é considerável e têm tido um papel importante na divulgação deste estilo de BD. Eu creio que muito em breve bons trabalhos vão começar a ser publicados por grandes editoras.
O conselho que deixo aos novos autores que queiram estabelecer-se como profissionais é que pensem também no mercado internacional como uma boa oportunidade de realizarem as suas ambições.

Para terminar, quais os teus planos para o futuro? O que podemos esperar da tua parte para os próximos meses?
Já estou a trabalhar no próximo número da série Desert Storm Stories. Neste momento estou a trabalhar no storyboard e a dar forma a novas personagens. Em agradecimento ao público que apoiou e está a apoiar este projecto a próxima edição vai ter 100 páginas e algumas surpresas. Por volta do Natal o site www.brunorola.com irá estar disponível com amostras do novo e último albúm para download gratuito.

Entrevista por: Fernando Ferreira

2 comments
    1. t3tsuo

      Obrigado pelo simpático comentário.
      Estamos sempre à procura de novos talentos nacionais para sabermos um pouco mais sobre os artistas que fazem este tipo de banda desenhada com estilo japonês.

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