Glass No Kamen (ガラスの仮面) traduzido na versão inglesa para Glass Mask, consiste num manga dos anos 70 (Janeiro de 1976), escrito e ilustrado por Suzue Miuchi e publicado pela Hakusensha. Transformado em série e publicado pela revista Hana To Yume, tornou-se em Outubro de 2012, uma história de formato banda desenhada em 49 volumes. O êxito foi tal, que o manga ganhou adaptações em formato televisivo, através de anime e live-action, sendo considerado em 2006, com cerca de 50 milhões de cópias vendidas, a segunda melhor obra de Manga Shōjo.
Na década de 80 obteve uma adaptação a anime televisivo, com estreia a partir de 9 Abril de 1984 a 27 de Setembro do mesmo ano, totalizando 23 episódios, produzidos por Hidehiko Takei, Masanobu Shimoda e Tatsuya Ono. A direção estava a cargo de Gisaburō Sugii (Chief), Yūsaku Sakamoto e Toshitaka Tsunoda. A música por sua vez foi entregue a Kazuo Otani, sendo Eiken, o estúdio responsável.
O manga tinha e tem bastante potencial, como se tem verificado ao longo de todo este tempo, pelo que o aproveitamento da obra para novos projetos, foi sendo levado a cabo. Assim sendo, já nos finais dos anos 90, entre 1997 e 1999, foi emitido em televisão numa versão drama 23 episódios, mais um capítulo especial, escritos por Fumie Mizuhashi, Miyuki Noyori e Michiru Egashira. Dirigido por Toshinori Nishimae, Kazuhisa Imai, Noboru Yagiyama e produzido por Ryuichi Sato, Satoko Uchiyama, Keijo Miruta, Katsunori Motonobu, Motoi Sasaki (Assistente na temporada 1) e Shinichiro Shirakura (Assistente na temporada 2). A música ficou a cargo de TEAM B’z, e a G・Company foi o estúdio responsável.
A jornada de Garasu No Kamen não ficou por aqui e mais novidades estavam para chegar. Decorria ainda a década de 90, e como em modo de transição, para o novo milénio, novas produções chegavam. Uma versão Live-Action era produzida com base nos primeiros 38 volumes da série, entre os anos de 1997 e 1998, “Garasu No Kamen 2”. Já de 16 de Dezembro de 1998 a 21 de Abril de 1999 era apresentado um vídeo de animação intitulado: “Glass no Kamen: Sen no Kamen wo Motsu Shōjo”, composto por 3 episódios de 45 minutos, dirigidos por Tsuneo Kobayashi e escritos por Nobuaki Kishima, Yoshiyuki Suga, e Tomoko Konparu. A música ficou a cargo de Tamiya Terashima e a TMS Entertainment foi o estúdio responsável.
As ideias de aproveitamento para este manga parecem não ter fim, tendo em conta a profundidade da trama e da mensagem que esta transmitia ao público. Assim, já no decorrer do ano de 2005, de 5 de Abril a 28 de Março de 2006, chegaria a mais completa adaptação, em formato de anime televisivo, com um total de 51 episódios. Dirigido por Mamoru Hamatsu; produzido por Shinsaku Hatta, Tadahito Matsumoto e escrito por Toshimichi Saeki, a música ficou nas mãos de Tamiya Terashima, e estando novamente a TMS Entertainment como estúdio responsável.
Depois de dois anos sem novidades, chega-nos em 2008 a notícia de que o autor do manga, Suzue Miuchi pretendia relançar a obra, por intermédio da revista Hakusensha’s Bessatsu Hana to Yume, em Julho desse mesmo ano, pois o seu objetivo era concluir o guião, o mais brevemente possível.
Em 2013 surge a notícia de uma produção de 17 episódios dividida em duas temporadas, a primeira “Glass No Kamen Desu Ga”, e a segunda “Glass No Kamen Desu Ga To Z”, em formato de pequenos flaches que retratava as personagens principais, Maya e Ayumi enquanto delinquentes.
Neste mesmo ano era divulgada a notícia de um filme animado intitulado “Glass No Kamen Desu Ga The Movie: Onna Spy No Koi! Murasaki No Bara Wa Kiken Na Kaori!?”, uma sátira que transformava as mesmas personagens em estudantes de escola que se tornam espias, no sentido de salvar a sua mestre, Chigusa, que tinha sido raptada. A 3 de Outubro de 2016 uma pequena versão de 13 episódios apresentava também uma sátira à sociedade moderna, com o título “3-Nen D-Gumi Glass no Kamen”, produzido pela Tokyo MX e em 2017 chegava a continuação em formato de filme “3-Nen D-Gumi Glass No Kamen: Tobidase! Watashitachi No Victory Road”.
De facto, com tantos arranjos e transformações em séries, animes e filmes, o enredo tem uma essência cativante e imersiva, talvez pelo impacto do tema tratado ou pelas emoções bem patentes em cada cena que é retratada.
Garasu No Kamen não é uma obra simples, pelo contrário, está repleta de momentos de grande tensão e impacto psicológico. Consiste na verdadeira representação da capacidade que cada ator tem em exprimir inúmeras faces tendo em conta cada contexto apresentado.
Trata pois, da história de Maya Kitajima, uma menina sem grandes posses financeiras, vivendo unicamente com a sua mãe Haru, num pequeno apartamento, sem grandes comodidades. Trabalhando com sua mãe, num restaurante de comida chinesa fazia entregas de Ramen, ao domicílio.
Considerada uma rapariga extremamente comum, sem qualquer talento ou encanto físico, Maya achava-se uma autêntica inútil, incapaz de dar felicidade e orgulho à sua mãe, que também a tratava com desdém e frieza, acreditando que a sua filha não servia para nada.
Sem saber concretamente a razão, Maya sentia um inexplicável desejo em ser atriz, um sentimento que lhe vinha do coração, pisar num palco e representar perante toda uma audiência, qualquer tipo de personagem que lhe fosse dado. O mundo do teatro fascinava-a por completo, a vontade em alcançar o seu sonho, e de mostrar aos outros o seu valor e empenho levariam-na a caminhos estremamente espinhosos e dolorosos.
A ida ao teatro, para assistir à peça La Traviata, seria o ponto de partida para uma transformação radical na sua vida. Um sinal de felicidade e uma mudança que sem saber, a obrigaria a ter que escolher entre dois mundos, a sua mãe ou ser atriz.
Maya não será a única a embarcar nesta viagem e outras personagens se juntam a ela no seguimento deste longo e árido percurso, nomeadamente Tsukikage Chigusa, sua mestra e Hayami Masumi, detentor de um vasto império comercial e financeiro, ligado ao entretenimento.
O mundo do espetáculo é uma corrida feroz, ganha aquele que tiver melhores habilidades, e apetências. Cheio de esquemas de poder e ganância, a honestidade nem sempre ganha e muitas vezes a vida nos ensina a “jogar sujo”, para poder vencer.
Será a sua força suficiente para enfrentar todo o tipo de obstáculos que irão aparecer? Será a sua determinação suficientemente grande e poderosa para encarar um mundo cheio de intrigas e competições desleais, a começar pela sua rival Ayumi Himekawa e conseguir assim alcançar o tão desejado papel “The Crimson Goddess” (traduzido para “Deusa Carmesim”)?
Um anime que aconselho vivamente a qualquer tipo de público, pois vale mesmo a pena pelo seu todo, pela forte carga emotiva ao longo da narrativa, poder de persuasão, capacidade de lidar com situações de grande angústia, desespero e pressão, um autêntico turbilhão de sentimentos que só o ser humano tem capacidade de os transmitir, e até mesmo fingir, quando encarna alguém que não ele próprio. Acima de tudo, o importante é não desistir daquilo em que se acredita, dos sonhos que se tem e ter fé em alcançá-los, com esforço e dedicação, a jornada pode ser longa, mas decerto trará bons frutos.
Importa igualmente salientar, que para este ano de 2020 está prevista uma nova adaptação, enquanto ópera criativa, “Glass Mask, the Crimson Goddess”.
Escrito por: Mia Mattos