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Kuragehime

Era uma vez uma menina chamada Tsukimi que tinha sonhado vestir-se como uma elegante princesa, com um lindo vestido branco que a sua mãe faria um dia quando se tornasse uma noiva… Mas os anos foram passando e este sonho tornou-se apenas uma memória… Até que um dia…”

– Eu sei, isto parece bem piroso como introdução a qualquer história, não é?

Acontece que “Kuragehime”, ou “Princess Jellyfish”, é uma deliciosa e louca surpresa quer para quem aprecia o género josei (mangá dirigido ao publico feminino mais adulto) quer para quem não faz parte do publico alvo, mas que gosta de conhecer outros géneros de mangá.

A história gira em volta de uma protagonista, Tsukimi Kurashita, uma otaku obcecada por medusas, devido a uma memória de infância marcante, em que visitou um aquário de medusas com a sua falecida mãe que lhe fez notar o quanto os longos e suaves tentáculos de uma medusa faziam lembrar os folhos de um vestido de princesa. A mãe prometeu-lhe também fazer-lhe um dia um vestido branco, digno de uma princesa, no dia em que Tsukimi se tornasse uma noiva. Mas a vida dá uma volta inesperada e a mãe de Tsukimi falece sem ver a filha tornar-se uma adulta.

Agora ela é uma jovem adulta, vivendo na cidade de Tóquio e tentando tornar-se uma ilustradora profissional. Não se tornou uma princesa, mas uma rapariga socialmente inapta, facilmente aterrorizada por estranhos, especialmente se forem do sexo masculino. Vive numa espécie de casa de hóspedes chamada Amamizukan com outras mulheres otaku, cada uma com uma obsessão diferente, onde a entrada de homens ou de mulheres atraentes e sofisticadas é tabu.

As raparigas vivem tranquilamente, mergulhadas no seu pequeno mundo, ainda dependentes da ajuda parental e trabalhando ocasionalmente como assistentes de uma mangaka reclusa que vive com elas. Um dia Tsukimi conhece o extrovertido e sofisticado Kuranosuke Koibuchi, o filho ilegitimo de um politico, que se veste de mulher como forma de evitar as obrigações de uma carreira politica e ao mesmo tempo de se sentir mais próximo da mãe, uma cantora famosa que adora a moda e da qual Kuranosuke nnada sabe há vários anos. Tsukimi mantém a masculinidade deste em segredo, para evitar problemas com as companheiras de casa e vai progressivamente enfrentando o seu receio de relacionar-se com homens ou mulheres sufisticadas, e Kuranosuke pode ser os dois ^__^U.

Acontece que o pacato bairro em que vive vai ser demolido para por em marcha um projecto de requalificação urbana, que vai encher o local de hotéis de luxo e centros-comerciais. Kuranosuke engendra então um plano para juntamente com as suas novas amigas, salvar Amamizukan de desaparecer. Entre surpresas, segredos familiares, triangulos amorosos e gags hilariantes, Kuranosuke vai progressivamente mudar a vida de Tsukimi e das outras, ajudando-as a abandonar as suas existências de otaku e a fazerem brilhar a princesa que vive nelas.

O mangá, desenhado por Akiko Higashimura, já tem uma adaptação a anime, que passou na tv japonesa em 2010. O estilo de desenho pode parecer rápido e simplista à primeira vista mas cheio de detalhes e caprichos da artista (especialmente nas expressões faciais impagáveis ou nas roupas extravagantes de Kuranosuke-kun), que começamos a apreciar mais e mais a cada página. A história é deliciosa e dinâmica mas fácil de acompanhar. Todos os personagens são adoráveis nas suas pequenas particularidades e os gags fazem-me rir incontrolavelmente.

Impossivel não nos apaixonarmos por Tsukimi, Kuranosuke e companhia e sentirmo-nos pessoalmente investidos nos seus objectivos. Doses inteligentes de comédia, drama e romance fazem com que o mangá nunca se torne pesado, lamechas ou aborrecido e é um prazer voltar páginas sem parar, porque concerteza muitos leitores pensarão tal como eu: “Só mais um capitulo!” Como brinde especial para o leitor, a mangaka desenha pequenas histórias extra sobre episódios hilariantes da sua própria vida. Nos mangás que leio, aprecio estes extras e nem que seja pelas gargalhadas, estes valem bem a pena.

Em resumo “Kuragehime” é uma boa surpresa e um prazer culpado que concerteza não deixará arrependido quem lhe der uma oportunidade. Não é um marco no género mas é concerteza uma obra competente e eficiente no seu objectivo de entreter e divertir.

Escrito por: Marco Jacinto

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