MuriKuri (むりくり) é um one-shot, do género seinen, do quarteto fantástico CLAMP (composto pelas veteranas Nanase Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi). Este foi publicado num volume especial da Young Magazine, pela Kodansha, em 2002.
MuriKuri é uma compilação de histórias (muito) curtas, tendo no total 14 páginas, com a duração média de duas a três páginas cada uma. O fervoroso leitor de CLAMP que procura com ânsia as metáforas e mistérios tipicamente presentes nas obras destas autoras, que se desengane: cada uma é mais louca e desprovida de nexo que a seguinte!
Começamos por conhecer um estudante de secundário cujo melhor amigo é um porco falante que faz sucesso com todas as raparigas da escola sem conseguir compreender porquê, um homem chega a casa depois de um dia de trabalho e dá a boa nova à sua esposa, que o espera com o jantar pronto: está com uma gravidez de três meses e o bebé irá desenvolver-se nas suas costas, ao invés de na barriga, uma dona de casa é visitada por extraterrestres e, finalmente, o Pai Natal e a sua namorada discutem de forma acesa por esta querer que ele tire folga no Natal.
Inserindo-se cronologicamente entre Chobits (ちょびっツ) e Legal Drug (法 ドラッグ), seria de esperar um art-style dividido entre ambos os estilos, que se verifica. Algumas tiras são claramente da autoria de Tsubaki Nekoi (esteve a cargo do desenho em Legal Drug e aqui encarrega-se da saga do porco e do seu amigo) que se caracteriza por alguma simplicidade gráfica, enquanto que outras são pura Mokona (que tomou as rédeas em Chobits) – no caso da gravidez masculina, há o seu ênfase característico nos mais simples pormenores, especialmente na estética dos personagens através da roupa e penteados.
Em conclusão, pode-se afirmar que não se trata de uma obra prima, mas que tão pouco o é suposto ser: as CLAMP criam, aqui, um escape à realidade com humor negro e bizarro. Não é para ser levado a sério, é diferente de tudo aquilo que já foi por elas feito. É, no entanto, uma paragem obrigatória para todos os seus fãs!
Escrito por: Ana Sofia Taborda