Depois de Jizo (que já li há bastante tempo, embora tenha a review ainda pendente), chegou a vez de Ningyo, a segunda colaboração entre Mato (desenhos) e Mr. Tan (argumentista), também publicado em Portugal, pela editora Levoir.
Do reencontro destes dois artistas criativos nasceu uma história sobre o folclore japonês, que tem a sua acção na floresta Aokigahara no Japão, também chamada de “mar de árvores” ou “floresta de suicídios”.
Ningyo leva-nos ao encontro de um homem que decide pôr termo à vida, como se fosse guiado por criaturas misteriosas. Algum tempo depois, Kai, o seu irmão mais novo, decide aventurar-se na mesma floresta para tentar descobrir a causa da morte do seu irmão. Mas à medida que se vai aprofundando no coração desta floresta, o lugar parece transformar-se…
A história é muito bonita, mas mais sombria que o trabalho anterior da mesma dupla. A temática do suicídio também não é fácil de abordar, por isso talvez o desenvolvimento deste mangá seja lento: arrasta, arrasta e depois num ápice é tudo revelado em pouquíssimas páginas.
A morte, o suicídio e a família são assuntos bastante delicados e interessantes de retratar numa banda desenhada, no entanto, ficamos com a impressão que os autores queriam dizer muitas coisas e no final ficamos na dúvida do que realmente eles queriam transmitir.
Ao nível da arte, os desenhos de Mato são irreprensiveis. Facilmente nos deixamos seduzir pelo design de personagens e pelos bonitos “background” da floresta de Aokigahara. No que toca ao argumento, talvez mereça uma segunda leitura para que possamos tentar captar outras mensagens que o argumentista nos quisesse transmitir.
Em resumo, Ningyo irá obviamente agradar a todos aqueles que adoraram Jizo, a todos os interessados em mangá e também pode ser uma excelente porta de entrada para quem quer começar a ler mangá.
Escrito por: Fernando Ferreira