O elefante Pablo adora pintar e frequenta o Clube de Arte da Avenida dos Cascos. No entanto, o pintor está numa fase de pouca imaginação: vem aí uma exposição em que os artistas do clube terão que apresentar os seus trabalhos e ele não sabe o que pintar.
Depois de ouvir os conselhos dos seus amigos no clube, decide ir passear para o campo, onde ele pensa que encontrará algo que lhe dê vontade de pintar. Pablo vê uma bonita paisagem e decide que é todo aquele cenário que ele quer pintar. Começa mas logo lhe dá vontade de comer. Depois de um belíssimo repasto, Pablo tem um sonho com vários animais.
Este bonito e simples livro infantil dá-nos a oportunidade de ver e fazer pensar numa série de questões importantes, quando estamos perante uma obra de arte: a importância da perspectiva ao olhar para uma pintura e que uma das maiores fontes de inspiração pode ser o sonho, como um fiel reflexo do mundo em que vivemos.
Ao longo do livro, o texto surge de forma simples e espontânea, como os desenhos. A estratégia narrativa entre o texto e a ilustração é tão subtil como eficaz e desafia os mais novos a encontrarem as ligações entre eles. Com um estilo bastante característico, o escritor e ilustrador Satoshi Kitamura usa a linha simples e a cor para criar as suas histórias que, quase sempre, são com animais: cães, esquilos, leões, girafas e zebras, que encarnam os seres humanos de uma forma fantástica.
Em suma, Pablo, o pintor (Pablo, The Artist no título original) é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura Livro recomendado para o 1º ano de escolaridade, e é sem dúvida um bom livro para os mais novos e traz-nos uma mensagem positiva. A frase “um sonho feito realidade” foi tomada de forma literal e efectiva. O limite entre o sonho e a realidade – aqui demonstrado pela inspiração do artista – aparece transgredido num livro de Satoshi Kitamura.
Satoshi Kitamura nasceu em Tóquio em 1956. Desde tenra idade foi um grande leitor de livros de banda desenhada e ilustração, géneros estes que influenciaram o seu trabalho como ilustrador. Na sua juventude começou a trabalhar como ilustrador de publicidade e a fazer anúncios para revistas. Em 1979 mudou-se para a capital inglesa e a partir de 1981 começou a ilustrar livros infantis e a escrever as suas próprias histórias, bem como a colaborar com Hiawyn Oram, autor de origem sul-africana.
Os seus livros já foram traduzidos para diferentes línguas e distinguidos com inúmeros prémios literários do qual destacamos o Mother Goose Award em 1983 e Japanese Picture Book Award. Em Portugal o livro foi editado pela Gatafunho em 2005, tal como outros dois livros do mesmo autor, “Era uma vez um dia normal de escola” (ler review) e “Olá, quem está aí?”.
Escrito por: Fernando Ferreira