Lançado em 1996 na revista Morning, Planetes é um exemplo típico de sucesso boca-a-boca. Recebida no início com ressalvas pelos críticos e admiradores, o manga foi aos poucos atraindo a atenção do público e acabou sendo considerada uma obra-prima em ficção científica, tendo recebido os principais prêmios da categoria.
Um dos motivos da desconfiança inicial deste título é a própria história do autor. Makoto Yukimura, tinha apenas 22 anos quando lançou este seu primeiro trabalho. Três anos após o lançamento do manga de ficção científica, Makoto foi entrevistado pela NASDA (National Space Development Agency of Japan), a equivalente à NASA americana, pelas suas idéias sobre o futuro e o espaço.
Em 2074 a humanidade já habitava o satelite da Terra e iniciava uma nova jornada de colonização e construção de uma base em Júpiter, com o objectivo principal de novas fontes de energia. Em conseqüência desta atividade interplanetária, o lixo do espaço aumenta e sua recolha e colecção transforma-se uma profissão nova e num “hobbie”. Nesta expedição espacial, astronautas como Hachirouta Hoshino, conhecido como Hachimaki, ganhavam a vida como “lixeiros” de Space-Debris (lixo espacial feito pelos humanos).
O grande sonho de Hachimaki é ter sua própria nave. Enquanto isso não acontece, ele e a sua equipa (Yuri, Fee e Tanabe) pensam que seria uma boa oportunidade para ganhar dinheiro juntarem-se à expedição a Jupiter. Mais tarde, Hachimaki sofre um acidente e é atirado para fora da nave e …
Aparte da história de Planetes, o manga tem cinco histórias autónomas. Umas sobre os perigos da vida no espaço, outras com os sonhos e esperanças dos povos. As histórias têm muito humor e a acção não foi esquecida, mas sem duvida que o principal ponto deste manga é o drama humano.
Um dos aspectos relevantes deste Planetes é a arte-final. Com um traço bastante livre e limpo Yukimura consegue cativar-nos facilmente, em especial nos seus fundos que nos fazem lembrar o trabalho de Katsuhiro Otomo em Akira.
Vários críticos de ficção-científica apontam a obra de Yukimura como sendo uma composição detalhada e realista do espaço no futuro. Apesar de Planetes abordar com bastante precisão vários conceitos científicos, esta não deixa para segundo plano os diferentes dramas humanos vividos pelos personagens.
Em 2002, todo este trabalho foi reconhecido com o prêmio 33º Seiun Shou, que escolhe anualmente os principais destaques em ficção científica.
Já este ano Yukimura lançou o terceiro volume de Planetes, ainda sob o selo da revista Morning. Também para aumentar a legião de fãs pelo mundo fora foram também editados os volumes de Planetes nas linguas inlgesa, francesa e alemã. Apesar de ser um manga mais direccionado para os fãs da ficção-cientifica, acredito que muitos fãs da não-ficção-cientifica se irá acabar por interessar. Em poucas palavras, altamente recomendável.
Escrito por:Fernando Ferreira