São imensos os mangas que passam do formato webcomic para o formato de livro. Um desses casos é o manga Seiri-Chan (no original, 生理ちゃん) escrito e desenhado pelo autor Ken Koyama, publicado inicialmente na internet desde 2017 e que posteriormente viu a luz do dia em formato físico primeiro na revista Monthly Comic Beam da editora Kadokawa e depois em formato de manga.
Seiri-Chan (o primeiro termo significa “menstruação” em japonês) é um manga de apenas um volume composto por nove pequenas histórias independentes (mais um pequeno extra) que fala sobre ciclo menstrual. Neste manga são apresentadas várias mulheres de diversas idades e profissões que “lutam” contra as consequências da menstruação. A peculiaridade do manga é que o ciclo menstrual é representado como uma personagem cor rosa e de aparência engraçada que aparece na vida das protagonistas a qualquer momento.
Em cada uma das nove histórias contidas neste manga, vamos encontrar uma mulher que luta com essa personificação engraçada do ciclo menstrual. Como referimos anteriormente, vamos encontrar diferentes tipos de mulheres, como por exemplo: uma dona de casa, uma mulher adulta ainda virgem ou uma velha senhora, mas também encontramos espaço para personagens mais surreais, como dois “majokkos” a lutar durante o seu ciclo numa divertida paródia ao manga de Sailor Moon.
O autor Ken Koyama consegue contar tudo isso com graça e delicadeza, sem nunca ser impróprio nem excessivo, e deixar uma mensagem, uma moral ao final de cada capítulo. O resultado é um trabalho verdadeiramente divertido e original, capaz de ser apreciado pelo público feminino e masculino. Pequeno spoiler (e nada mais contamos para não estragar a surpresa): Seiri-Chan não será a única personificação de um fenómeno fisiológico que vamos encontrar na obra.
Os desenhos e o aspecto gráfico deste manga pode afastar algum do público, pois o estilo de desenho de Koyama não é muito detalhado, ao ponto de sentirmos que estamos a ler um storyboard ou mesmo os esboços de um manga em vez do produto final. Apesar das limitações óbvias, o traço é funcional para a representação do que está as ser contado, ou seja, o desenho cumpre perfeitamente a sua função e encaixa muito bem no tom leve e bem-humorado do manga.
Até ao momento já foram publicados dois volumes de Seiri-chan (esta é a resenha do primeiro volume), além disso a obra recebeu uma crítica unânime bastante positiva ao ponto de ter sido incluída entre os 20 melhores títulos recomendados para o público feminino em 2019, e no mesmo ano ganhou o Prémio Tezuka. O manga foi também adaptado para filme live-action.
Em jeito de resumo, Seiri-Chan que nos Estados Unidos foi publicado pela YEN Press e com o título de Miss Little P. é um manga que realmente pode surpreender os leitores apesar do tema. Esta obra pode ser apreciada pelo público feminino e masculino, por isso, se quiserem experimentar um manga diferente do normal, este pode ser uma excelente opção.
Escrito por: Fernando Ferreira