Reza a história que sempre que chega o clima severo de inverno com ventos intensos nas montanhas, aparece uma estanha mulher que faz desaparecer as pessoas que por ali passam.
Este é o mote para 4 histórias curtas de caracter dramático desenhadas por Nanase Ohkawa (uma das artistas que pertence às Clamp) que ao longo dos anos nos habituaram a este tipo de histórias shoujo (dedicado às raparigas). Os quatro tristes e melancólicos captítulos que compoêm este mangá são histórias de amor em todos os aspectos: o amor filial, transformado em desejos de vingança e o amor aos animais e à natureza, o amor entre um homem e uma mulher e o desejo de encontrar a sua cara-metade com todas as dificuldades que possam aparecer.
Com um estilo de desenho que não estamos habituados a ver nos trabalhos das Clamp, onde as linhas desaparecem, o branco (da neve) abunda, e os traços mantêm sempre limpos sem gastar muita tinta e tramas. Convêm ainda destacar, as primeiras páginas do mangá que são coloridas. O uso da aguarela para colorir as páginas iniciais confere à história uma sensação volatil, de pouco peso nas roupas e nos personagens preferindo guardar o “peso” para a narrativa.
O mesmo tratamento de coloração podia ter sido feito também nas últimas páginas, já que a última história é um “resumo” do prólogo e epílogo.
Mesmo assim, podemos dizer que as Clamp criaram todas estas histórias num tempo cronológico que não estamos habituados a vermos nas obras delas. O mundo da Dama das Neves é um mundo mitológico, é um tempo que está paralelo ao nosso presente e embora as histórias que nos contam sejam intemporais, as autoras preferiram situar a acção num Japão antigo ou Medieval: onde podemos encontrar camponeses vestidos com roupas medievais, samurais, mulheres que parecem ser cortesãs da corte de Heian, etc.
A Dama das Neves é uma história classica, ao nível dos melhores contos de fadas e uma prova que as Clamp também têm um lado mais maduro e “adulto”, e que conseguem fugir ao rótulo dos clichês comerciais como foi o caso de Card Captor Sakura ou Chobits, entre outros.
Shirahime-Syo (título original para A Dama das Neves) é uma obra atípica no estilo das Clamp, a narrativa é excelente e o desenho cumpre as suas funções neste tipo de história além disso é um único volume o que pode atrair muitas pessoas para a sua leitura num mercado cada vez mais saturado com obras extensas e que em muitos dos casos permanecem abertas.
Falta dizer que esta é mais uma obra imprescindível a todos os fãs do quarteto feminino Clamp ou para os invertebrados do amor.
Escrito por: Fernando Ferreira