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Tesoro

A minha experiência com Natsume Ono resume-se a duas coisas distintas. O manga not simple, de que não gostei especialmente mas cuja qualidade consigo aceitar, e o anime Ristorante Paradiso, de que gostei bastante apesar da qualidade deixar um pouco a desejar em alguns detalhes. Comprei Tesoro na festa da Kingpin Books porque era o único volume solitário que aparentava estar na loja, mas neste momento sinto-me orgulhosa por possuir este trabalho. É uma edição bonita, com ilustrações no final, bem organizada e bem editada. E o conteúdo, para minha grande surpresa, não podia ser melhor.

Tesoro são histórias curtas feitas entre 1998 e 2008, alguns editados sob a forma de doujinshi anteriormente e outros nunca antes editados. Todas estas histórias, muito curtas e concisas, demonstram uma intensidade maravilhosa, atingida através de uma extrema simplicidade. São histórias sobre famílias, mas muito belas, em que a tragédia é ultrapassada pelos momentos bons da vida. São histórias para nos sentirmos bem e que nos fazem bem. Algumas são engraçadas (“come os bróculos”!), outras são um pouco mais tristes, mas no geral fizeram-me todas sentir o coração mais quente.

A arte é estranha, muito característica desta autora. À primeira vista parecem só uns rabiscos, mas numa análise mais detalhada repara-se que os designs foram concebidos com cuidado e carinho. Não existem muitos fundos, mas os que existem são muito pouco detalhados. Apesar disso, o que achei fantástico, mostram exactamente o que a autora quer mostrar, não através da imagem directa mas através do sentimento que imprimem no leitor. Isto é, “isto parece uma cadeira” em vez de “isto é uma cadeira”.

Não sei o que terá acontecido à autora para gostar tanto de Italianos mas, mais uma vez, estão em todo o lado (até mesmo no título). Confesso que a minha passagem por Itália se resumiu a Roma e, apesar de me ter divertido muito (foi a primeira viagem que fiz sozinha com a minha mãe), não gostei especialmente: pareceu-me uma cidade confusa e suja e as pessoas mal-educadas e violentas. Mas Natsume Ono parece adorar e quase que me inspira a voltar a Itália para confirmar se a minha primeira impressão é real ou se é a dela a verdadeira.

Muito recomendado. Por estranhas razões, mas não posso deixar de o recomendar.

Escrito por: Carol Louve

2 comments
  1. Ana

    Obrigada por essa matéria! Estava em dúvida se comprava esse mangá ou não, mas sua opinião foi muito consistente e me conquistou, darei uma chance à autora.
    Está de parabéns!

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