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10 discos de 2016 que todos devem ouvir

O acontecimento musical de 2016, para mim, foi a edição do livro de Ian Martin, “Quit Your Band! Musical Notes from the Japanese Underground”. Contém um pequeno capítulo com o título “A comprehensive and completely accurate account of the entire history of popular music in Japan”. Esta é, pois, a lista compreensiva e absolutamente rigorosa de todos dos 10 álbuns de 2016 editados no Japão e que devem ouvir. Espero que apreciem a ironia.
A ordem de selecção é alfabética e não por preferência…

01. Convex Level – “Inverse Mapped Tiger Moth”
Veteranos oriundos das zonas limítrofes do pós-punk e do noise-rock, neste álbum embrulham-se guitarras abrasivas, ferocidade rítmica e atmosferas sónicas angulares num equilíbrio, elegância e sensibilidade que faz inveja às bandas mais jovens de art-rock. Sempre há quem envelheça tão bem como os Wire.

02. Foodman – “Ez Minzoku”
Certamente um dos discos mais originais de 2016, uma meticulosa composição de silêncio e detalhes sonoros orgânicos e electrónicos que resulta na sedimentação caleidoscópica de canções livres de forma e convenção. Não esperem uma audição fácil desta colisão futurista entre “Trout Mask Replica” e “Colossal Youth” mas assim que entrarem no universo de Foodman não vão querer ouvir outra coisa.

03. Gesu No Kiwami Otome. – “Ryoseibai”
Virtualmente, o duplo ou triplo vinil de outros tempos: longo, indulgente, excessivo, transbordando ideias e ferido de morte por um escândalo nacional. O disco mais aguardado de 2016 é, ainda assim, uma genial insurreição de pop, rock, jazz, funk, hip-hop, emo, harmonias vocais e o diabo a quatro por uma banda sem paralelo na cena musical actual. Quando a poeira assentar, será justamente apontado como um dos discos mais importantes da música japonesa dos últimos anos. E Enon Kawatani como um singular escritor de canções. Só não o oiçam todo de uma vez.

04. Homecomings – “Sale of Broken Dreams”
Não é novidade o fascínio de tantos grupos japoneses com as bandas de guitarras da cena independente britânica dos 1980s mas ninguém regressa a esse som de forma tão brilhante e imaginativa como este quarteto de Quioto. Este último trabalho é isso mesmo: uma colecção irrepreensível de grandes canções e melodias para todas as idades e gerações.

05. Kikagaku Moyo – “House in the Tall Grass”
Um sonho crepuscular e pastoral de psicadelismo deslocado no tempo, o melhor disco da banda de Tóquio troca os excessos do género por uma banda sonora suave e envolvente como uma longa noite de Inverno.

06. Mitsume – “A Long Day”
No sucessor do magnífico “Sasayaki” (2014) os meninos bonitos da cena indie de Tóquio encontram o seu som, deixando para trás o experimentalismo lo-fi e optando por uma colecção de temas rarefeitos e despojados de arranjos onde o silêncio e a belíssima voz de Moto Kawabe ganham protagonismo. O álbum a que mais vezes regressei em 2016.

07. Ogre You Asshole – “Handle wo Hanasu Mae ni”
Depois da obra-prima “Papercraft” (2014) e da assombrosa versão ao vivo desse disco, os OYA optaram por produzir este sucessor ritmicamente tenso, invadido pelos temas da iminência e inquietação e que é antecipado pelo encantador single “Lost, Sigh, Days”.

08. Pennennennennen Nenems – “Whim”
Ao segundo disco, o pop-rock barroco dos PNNNNNs recorda umas vezes o ecletismo instrumental dos Yohei Yoshida Group e outras as melodias tranquilas de uns Kicell mas a renúncia a soluções musicais óbvias garante que cada tema seja uma agradável caixinha de surpresas.

09. Shintaro Sakamoto – “Love If Possible”
Neste novo capítulo, o nosso herói e antigo líder dos míticos Yura Yura Teikoku embarca em mais uma excêntrica e deliciosa viagem por estranhas e melódicas paisagens decoradas com lap steel guitar, harmonias femininas, percussões exóticas e ventriloquismo ad hoc. Soft-rock por habitantes de um quadro de René Magritte.

10. Shugo Tokumaru – “Toss”
Um disco de Shugo Tokumaru é sempre uma celebração onde o acústico, o eléctrico e o electrónico bailam em sinfonias de bolso mas este álbum é o equivalente musical à montra de uma ourivesaria – canções como jóias resplandecentes e melodias que brilham e se apagam como pedras preciosas rodopiando sob a luz. Genial, como Tokumaru já nos habituou.

+1. Stabilo – “Sleep Deeply”
Um dos álbuns lançados pela netlabel MiMi Records neste ano que termina. Um álbum que pode ser considerado drone cheio de texturas subaquáticas e acordes mudos, mas também há sons mais experimentais e ambientais. “Sleep Deeply” é exatamente o tipo de álbum que se ouve bem enquanto se trabalha.
[DOWNLOAD]

Deixamos ainda uma pequena lista de discos que merecem uma menção honrosa:

Chelmico – “Chelmico”
Cicada – “Formula”
For Tracy Hyde – “Film Bleu”
In The Blue Shirt – “Sensation Of Blueness”
Kinoko Teikoku – “Ai no Yukue”
Koochewsen – “Chounouryoku Serenade” EP
Kuruucrew – “Kuruucrew”
Limited Express (Has Gone?) – “All Ages”
Lovely Summer-Chan – “LSC”
Mulllr – “Workers”
Novembers – “Hallelujah”
Nyai – “Old Age Systematic”
Oomori Seiko – “Tokyo Black Hole”
Sea Level – “Invisible Cities”
Seiho – “Collapse”
Soutaiseiriron – “Tensei Jingle”
Tempalay – “from JAPAN”
The Full Teenz – “Hello to Goodbye no March”
TOYOMU – “Yellow Dancer Arrangements”
Yahyel – “Flesh and Blood”
Zombie-Chang – “Zombie-Change”

E last but not least ficaram por ouvir mas provavelmente teriam um lugar assegurado entre as menções honrosa.

Hijokaidan & Jun Togawa – “Togawa Kaidan”
Macmanaman – “New Wave of British Baseball Heavy Metal”
Merzbow & Eiko Ishibashi – “Kouen Kyodai”
Sonotanotanpenz – “Conga”
World’s End Girlfriend – “Last Waltz”

Escrito por: Cláudio Pedrosa

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