Uma dá pelo nome de Oni (que quer dizer Demónio) e a outra de Pika ou Pikachu, um dos monstrinhos da série de desenhos animados Pokemon. São japonesas, jovens, agressivas, lindas de morrer e totalmente desvairadas precisamente aquele género de raparigas que os homens tanto temem, dando razão ao mito castrador da vagina dentata. Uma é guitarrista e a outra baterista.
Ambas cantam, guincham e gemem. Já colaboraram com os Acid Mothers Temple e tiveram uma perninha do guitarrista e mestre de cerimónias destes, Makoto Kawabata, num dos seus discos, o que as levou mesmo a escolherem o nome Acid Mothers Afrirampo.
Quando apenas elas estão sob os focos de luz, tocando uma música situável entre o punk, o noise, o psicadelismo, a improvisação e a pop, intitulam-se apenas Afrirampo. É o caso deste CD, homónimo por sinal, reedição do primeiro trabalho que deram à estampa.
Trata-se, no entanto, de um quase inédito: a publicação original foi de autor e muito limitada em termos de tiragem, além de que sofreu agora uma remistura radical e um diferente alinhamento, a cargo do já referido Kawabata, que só não podemos tomar como o padrinho do projecto porque as duas meninas dispensam influências masculinas.
Tanto assim que desdenham comparações com outros grupos (de homens) da cena Kansai, aquela em que são habitualmente colocadas por ter como epicentro a cidade de Osaka, como Hijokaidan, Masonna ou Boredoms. Diferentemente destes, cultivam o gosto pelas melodias girly e adoptam uma postura colegial.
São já encaradas como a outra face do rock extremo do país do Sol Nascente e até os Sonic Youth as convidam para as primeiras partes dos seus concertos. Recomendado.
Escrito por: Rui Eduardo Paes