O nome de Keigo Oyamada passa despercebido à maior parte das pessoas que se interessam por música, mas quando se fala no nome de Cornelius o caso já toma outro rumo. Conhecido pela varieadade de estilos (do metal ao lounge) que costuma navegar e produzir, este músico hiper kinético é um dos mais importantes da cena musical japonesa.
O nome deste projecto veio como homenagem ao personagem interpretado pelo já falecido ator Roddy McDowall, protagonista da série cinematográfica “O Planeta dos Macacos”.
O seu primeiro disco editado no Ocidente foi Fantasma (Matador, 1997), um verdadeiro cocktail musical. Point, foi o seu segundo registo e muito aguardado na altura do lançamento, depois de ter sido amplamente elogiado o seu album de estreia.
Passados 5 anos desde “Fantasma” e depois de ter estado fechado durante um ano no seu estúdio pessoal sem quaisquer outros músicos apenas recorrendo-se a um engenheiro de som, este disco traz-nos um registo mais pessoal, subtil e tranquilo. Este ambiente presume-se que tenha sido por causa da sua família e em especial o seu filho.
Este álbum tem temas incríveis (“Drop” e “Point Of View Point”) fazem-nos recordar as melhores sonoridades do Disco Inferno pela estrutura criada do “cut and paste”. Todos os instrumentos foram tocados por Keigo, seguindo depois todo um processo de “auto samplagem”, alterando a velocidade dos “riffs” tranformando-os num disco para “headphones”.
Em “Point”, Cornelius eletrónica-pop retro com a influência brasileira da bossa nova, criando assim uma sonoridade mais intimista e orgânica. Instrumentos acústicos misturam-se com o trabalho de “patchwork” e nascem músicas de “fácil” audição.
As sonoridades ecléticas são uma das suas marcas registadas para este registo: bossa nova (na versão “Brazil”), o “big beat” (“Another view point”), um pequeno toque de metal (“I hate hate”) e o lounge (“Nowhere”).
Este trabalho é inferior ao seu album de estreia, no entanto Cornelius consegui-nos surpreender. Um album a conhecer.
Autor:Fernando Ferreira