Koji Nakamura é um nome que, para quem gosta de música alternativa japonesa, não é estranho. O multi-instrumentalista/vocalista foi membro dos SUPERCAR, talvez um dos nomes mais sonantes do Indie Rock japonês, e, mais recentemente, por LAMA e iLL. Algo que me elevou as expectativas em relação ao seu primeiro álbum a nome próprio, Masterpeace.
Masterpeace é o culminar de sonoridades que o músico foi acumulando ao longo da carreira. Os SUPERCAR tiveram duas vertentes: Shoegaze com Indie Rock e Shoegaze com Electronica. iLL era um projecto de Shoegaze muito mais simplista, e LAMA era uma combinação dos dois, com a sonoridade única que HisakoTabuchi (NUMBERGIRL, toddle, bloodthirstybutchers) e KensukeUshio (agraph) acrescentavam ao som de FurakawaMiki (SUPERCAR) e KojiNakamura. Nakamura, inconscientemente ou não, foi aprendendo com esta nova sonoridade, trazendo um lado mais completo ao seu trabalho a solo (talvez daí o facto de ter lançado este LP como KojiNakamura e não como iLL).
Para fãs de SUPERCAR e LAMA, este álbum é uma pérola: bateria electrónica (com algum breakcore aqui e ali), várias camadas de guitarra (com e sem distorção) e a típica voz de Nakamura (Nakako, para os amigos). As duas faixas que talvez mostram melhor a variedade do álbum serão Diamond e I know. Colocadas uma ao pé da outra, quase que são uma sinopse da carreira do músico: Diamond é um shoegaze quase ambient, com grande enfâse na voz; I know tem a famosa bateria SUPERCAR com três guitarras a sobrepor-se, com a voz a ser a força melódica nos bridges.
Talvez não será o álbum mais bem composto de sempre; existe alguma repetição pelo meio do LP, com algumas músicas a fundirem-se demasiado umas com as outras. Há uma certa contenção por parte do músico em explorar outros sons e estruturas. Não direi que prejudicam o álbum imensamente – até porque a beleza deste álbum é a nostalgia que inflige nos fãs – mas era algo que gostaria de ver se quebrado no próximo álbum (a solo, como iLL, ou como LAMA – e será muito pedir como SUPERCAR?).
Poderia, talvez, chamar a este álbum um “best-of”; uma antologia; um culminar de aprendizagem. Uma reflexão do músico sobre a sua carreira e estilos, e sobre os músicos com os quais trabalhou.
Mas vou apenas chamar-lhe um álbum de escuta obrigatória.
Escrito por: Hugo Anaya