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Masaaki Suzuki (鈴木 雅明)

Organista, cravista, maestro. Fundador do ensemble Bach Collegium Japan (バッハ・コレギウム・ジャパン)
Nascido em 1954 começou em 1966 os seu estudos de orgão, de fundo sobretudo litúrgico, tendo o próprio sido criado num ambiente familiar profundamente cristão. Continuou os seus estudos de instrumento e acabou por frequentar e obter o grau de licenciatura em Composição e Orgão na Faculdade Belas Artes e Música de Tóquio (onde também se formara Kunihiko Hashimoto e outros famosos compositores japoneses como Ikuma Dan, Yasushi Akutagawa ou Ryuichi Sakamoto) e onde estudou também Cravo com uma antiga aluna de Gustav Leonhardt (talvez o maior virtuoso do cravo do século passado).

No entanto, teve a oportunidade e decidiu continuar os seus estudos no Conservatório de Amesterdão (onde mais tarde estudaria também o compositor português António Chagas Rosa), tendo tido como professor Ton Koopman, grande especialista em música do Barroco (e também ele antigo aluno de Leonhardt), onde concluiu nova graduação em Orgão assim como de Cravo. Após obter um segundo e um terceiro lugar num concurso de intérpretes de Cravo (baixo contínuo) em Bruges, leccionou este instrumento na Faculdade de Música de Duisburgo, na Alemanha, entre 1981 e 1983, tendo após este período regressado definitivamente ao Japão.

suzuki

Este regresso pautou-se pelo seu estabelecimento como concertista, tanto de cravo como de orgão, assim como outro ramo de expressão musical que finalmente explora, a direcção de orquestra. Desta última destaca-se sobremaneira a fundação em 1990 do Bach Collegium Japan (BCJ), que se estabeleceu como um dos mais importantes conjuntos de interpretação de música do período Barroco (música de inspiração eminentemente cristã protestante) e especialmente, e como indica o nome, das cantatas de Johann Sebastian Bach (cuja gravação do reportório completo de 55 volumes se concluiu em 2013; embora o próprio Suzuki esteja ele próprio a gravar o reportório completo deste mesmo compositor para cravo).

O propósito deste conjunto é a divulgação deste período histórico da musica ocidental no Japão (embora tenham entretanto dado espectáculos por todo o planeta), não só através das composições de Bach, mas também das de outros grandes vultos do século XVII e XVIII como Buxtehude, Böhm, Monteverdi e Händel – tanto na sua vertente orquestral como de coro, e mantendo a fidelidade e autenticidade deste período, recorrendo a instrumentos de época, etc. Das actividades deste conjunto destaca-se uma série de quatro concertos anuais de cantatas e peças instrumentais de Bach, sendo também frequente a integração de músicos europeus como convidados.

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Fora do âmbito do BCJ, Suzuki mantém também carreira de concertista com espectáculos dados por todo o Japão e resto do mundo, incluindo como maestro convidado de algumas das mais importantes orquestras mundiais como as filarmónicas de Nova Iorque, Boston ou Berlim, entre outras. Hoje em dia, após ter regressado à sua alma mater universitária (em Tóquio) desta feita como professor, tem sido também professor convidado no Instituto Musical de Yale.

Pela sua dedicação ao grande génio de J. S. Bach, foi-lhe ainda atribuída a cruz de mérito da República Federal da Alemanha, assim como o Bach Prize da Royal Academy of Music de Londres e a medalha de Bach da cidade de Leipzig na Alemanha, onde o compositor viveu e trabalhou durante os últimos 20 anos da sua vida. Em 2013 recebeu o prémio musical Suntory (サントリー音楽賞), ex aequo com o Bach Collegium Japan.

Sendo que o Japão já teria tido algum contacto com este tipo de música, o próprio facto de ser um país com uma percentagem pequena (3%) de cristãos torna difícil não só a percepção musical (que é por si só diferente e original) como a referência cultural judaico-cristã que não faz parte do imaginário japonês (apesar da ubiquidade da Coca-Cola e dos hambúrgueres; Suzuki faz questão de fornecer traduções para japonês aos seus músicos).

A dedicação de Suzuki em desenvolver interpretações de época de um período que mesmo na Europa é pouco popular (mesmo Bach é hoje em dia muito mais frequentemente interpretado no piano, um instrumento que ainda não tinha sido inventado no seu tempo, e mais por influência do virtuosismo e excentricidade de Glenn Gould nos anos 60 do que pelo movimento de redescoberta do Barroco) torna-se um facto porventura absolutamente bizarro – que um dos maiores intérpretes e especialistas vivos neste tipo de música venha do Extremo Oriente. Não há nada mais Universal que a Música.

Escrito por: João Mota

One comment
  1. ALOISIO MANOEL BARBOSA DOS SANTOS

    Desculpe-me pela correção, mas o piano foi inventado por volta de 1709 pelo fabricante italiano de instrumentos Bartolomeo Cristofori. Ele se chamava pianoforte porque era possível modificar a dinâmica dos sons pelos pedais. Johann Sebastian Bach chegou a experimentar alguns modelos do Monarca Frederico “0 Grande”, quando esteve em seu palácio.

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