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Satoshi Tomiie – New Day

Num universo tão disposto a esquecer e a desistir, a perseverança de Satoshi Tomiie fará dele uma espécie de herói japonês que tudo fez para reinventar-se nos seus DJ sets, assim como na música house que foi espalhando por vários discos. Tal como o próprio país que o viu nascer, Satoshi Tomiie superou certamente diferentes adversidades (não será fácil chegar a 25 anos de carreira) de modo a renascer à altura de soar relevante numa dance music em constante progresso.

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Não admira pois que este seu novo álbum, surgido 16 anos depois de Full Lick, mereça o adequado título de New Day. A explicação para tal título encontra-se desde logo escancarada numa capa new age quanto baste (um nadinha foleira também). Mas New Day sugere igualmente qualquer coisa de esperançoso que tem tudo a ver com aquela crença muito japonesa de que todos merecem uma nova oportunidade. Satoshi Tomiie aproveita bem a que lhe foi atribuída pela label Abstract Architecture para neste seu mais recente disco alternar entre referências diversas e fazer um pouco do que bem lhe apetece.

Esse tipo de liberdade reflecte-se num disco estilisticamente solto, que, na terceira faixa “Odyssey”, consegue a delicada proeza de juntar um beat techno a uns teclados à Quincy Jones. Satoshi Tomiie não nos dá tempo para recuperar da surpresa e logo depois vai buscar uma energia jovial para a faixa-título, que consigo traz uma house carregada de calor e intimidade (nem por isso muito diferente da que Sasu Ripatti trazia ao seu impecável álbum Convivial, enquanto Luomo). Mais à frente há um tema chamado “Momento Magico” que é simpático nem que seja só por isso.

O principal defeito de New Day que podem ouvir em https://soundcloud.com/satoshitomiie é ser talvez demasiado longo, mas o homem já não fazia um disco há mais de quinze anos. Além disso, Satoshi Tomiie merece a sorte que teve na vida: em 1989 co-produziu “Tears” (ver videoclip) com Frankie Knuckles (O Padrinho da House Music) e hoje aqui está ele com disco sem sinais de velhice. Há que tirar o chapéu a isso.

Escrito por: Miguel Arsénio

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