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Toru “TK” Kitajima – Flowering

Talvez o meu segundo álbum mais esperado do ano (apenas precedido pelo For My Parents dos MONO), flowering é o album de estreia a solo de Toru “TK” Kitajima, vocalista principal e guitarrista da banda de Indie Rock 凛として時雨 (Ling Tosite Sigure).

Lançado no dia 27 de Junho de 2012, a expectativa em torno deste álbum era, no mínimo, alta. T.K. já tinha dado sinais de querer lançar um projecto a solo quando lançou, em 2011, um EP + Photobook + DVD intitulado de film A moment. O DVD, em estilo de documentário abstracto e filmado completamente por TK, contém três faixas compostas por T.K., com o músico a encarregar-se da guitarra, voz e baixo e a colaborar com a artista Folk Shione Yukawa (na faixa white silence) e o baterista BOBO (54-71, MIYAVI). flowering foi a consolidação do desejo do músico.

Com dez faixas – sete completamente novas, duas novas gravações e uma “bonus track” já publicada aquando o acidente de 11 de Março de 2011 – este álbum explora as raízes criativas de Kitajima, mostrando o seu talento em compor para diferentes formatos musicais, nunca saindo do seu estilo muito próprio. Para este projecto, TK achou que deveria trazer mais talento, e assim o fez. Ao lineup de film A moment junta-se, neste álbum, o baixista Hidekazu Hinata (STRAIGHTENER, Nothing’s Carved In Stone).

A faixa inicial, flowering, abre o álbum com um falsetto típico de TK, algo que os fãs de Shigure já estão bem habituados. A melhoria da instrumentação em relação a film A moment sente-se no momento em que entra o baixo. Apesar de T.K. não ser um mau baixista, como demonstrou na faixa film A moment, Hinata é simplesmente uma adição brilhante ao estilo do músico. Abnormal trick traz uma familiaridade ainda maior aos fãs de Shigure, com o intro a lembrar faixas como Can you kill a secret? ou Hysteric phase show. A experimentação com diversos efeitos de guitarra é o maior trunfo desta faixa, com as distorções psicadélicas habituais de Kitajima a ganhar uma vida própria. Abnormal trick é também a primeira faixa a incluir violino, e, também, a faixa com o solo de guitarra mais interessante do álbum.

Haze, que tinha sido apresentada como “studio live” no site oficial da banda umas semanas antes de o álbum ser lançado, é talvez a faixa mais parecida com o material contido em film A moment. Momentos bastante minimalistas com apenas uma guitarra “clean”, baixo e bateria, explosões de som com distorções gigantescas e melodias lindíssimas juntam-se para dar vida a, talvez, um dos momentos mais altos do álbum.

Depois do “monstro” que é Haze, vem o momento do álbum – phase to phrase. Uma introdução de piano lindíssima dá lugar a uma melodia espantosa, com a simbiose da banda a mostrar porque é que TK escolheu estes membros para o acompanhar neste projecto a solo. Riffs de baixo que jogam com a guitarra, bateria que joga com o baixo e guitarra que joga com a voz – todos estes elementos acompanham a faixa à medida que ela desenvolve e envolve o ouvinte numa atmosfera de som poderosíssima.

“film A moment” e “white silence”, as duas faixas previamente lançadas no single, tiveram direito a um remaster, com nova faixa de baixo e alguns retoques a nível de voz, violino e efeitos.

“12th laser” é a faixa mais directa do álbum, sendo uma música de indie rock bastante ao estilo de Sigure, com nada de muito a acrescentar.

O álbum encerra com a espantosa instrumental “daylily”, uma deliciosa faixa de guitarra acústica com piano, e com a lindíssima “fourth”, mais uma faixa acústica bastante suave, bem apropriada para o fim deste álbum, que leva o ouvinte numa montanha-russa de sentimentos, com transições de momentos quasi-etéreos para autenticas explosões, com guitarras a atacarem de todos os lados, baixos a darem mais do que uma linha de enchimento e violinos a mostrarem que conseguem ser um elo mais forte mesmo num turbilhão de instrumentos eléctricos cheios de distorção.

Em suma, um trabalho a solo bastante refrescante do líder de uma banda revolucionária na onda do indie rock japonês, provando que mesmo sozinho consegue liderar uma banda cheia de talento, cada um com o seu estilo próprio, e puxá-los a todos para o sua órbita musical, criando uma maravilha para ser ouvida vezes sem conta.

Escrito por: Hugo Botelho

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