Uma estadia prolongada no Japão significa pensar em formas de alojamento que são mais diversificadas do que a solução “Hotel para Turismo”, e isto é uma mais-valia em vários sentidos: ficam a conhecer melhor as condições de habitação no Japão, treinam japonês, têm uma experiência mais autêntica e podem mesmo estar mais à-vontade para fazer coisas como cozinhar em casa, e por fim poupam dinheirinho que também é muito importante.
Para encontrarem estes espaços desapeguem-se de sistemas de “booking on-line” em inglês, de dicas do tripadvisor e de outros modos digitais ocidentais de chegar a saber da existência do alojamento X. Os melhores serviços da indústria hoteleira japonesa ainda funcionam por clientela sistemática e pela recomendação boca-a-boca. Os sítios melhores e mais acessíveis, isto é, aqueles em que a relação qualidade-preço é mais vantajosa, são difíceis de encontrar por uma simples busca online em motores como o e-dreams e afins. O único (dos bons) que conseguem reservar pela internet – mas a partir do Japão – é a cadeia Toyoko-in.
Quando vão a um Toyoko-in podem fazer um cartão de cliente que vos dá desconto extra, não pagam nada pelo cartão mas têm de ter uma forma de contacto no Japão – pode ser uma empresa ou universidade. Vão-vos tirar uma foto na hora e fazem o cartão rapidamente. O atendimento em inglês é muito limitado ou inexistente mas a página de internet tem versão em inglês. Contudo aconteceu-me o seguinte: não tinham lugar disponível segundo o website mas eu telefonei e eles arranjaram-me lugar.
Esta cadeia de hotéis tem geralmente os seus estabelecimentos perto das grandes estações de transporte, oferece dormidas com pequeno-almoço, uso de ar condicionado, TV, yukata/robe, secador, sabonete e champô, com WC e chuveiro privado, tudo por 50 euros por noite (até 2 pessoas). As condições dos quartos são as de um hotel de 3 estrelas ocidental.
Se a vossa ida para o Japão estiver relacionada com um semestre na Universidade ou um contrato de trabalho temporário é provável que a Instituição vos recomende um complexo residencial onde podem alugar um quarto. Notem que vão referir “apartamento” mas é na verdade um T0 que consiste num quarto com bancada de cozinha (mas só bancada), alguns electrodomésticos, WC (que pode ter sanita ou não) e sítio para banho (estilo japonês). Apesar deste espaço provavelmente ser do tamanho da sala de estar da vossa casa (ou menor) é na verdade o tipo de sítio onde as pessoas vivem na cidade quando ainda não têm filhos nem empregos bem pagos. Se tiver bom isolamento, internet, for num bairro seguro e perto de uma estação de transportes digam logo que sim! Existirão diversas burocracias a tratar para as quais precisam de ter ao vosso lado uma pessoa não só fluente em japonês (se vocês não forem) como também conhecedora do sistema de arrendamento temporário a estrangeiros.
Vão ter de pagar uma “cortesia” que consiste numa mensalidade extra, que não vos será devolvida no fim. Esta prática choca bastante os ocidentais mas consiste na verdade numa “prenda” para o vosso senhorio (e que dispensa que ofereçam a tal prenda de cortesia que devem dar a todas as pessoas que conhecem formalmente). Notem que o senhorio trata da limpeza e manutenção do prédio e espaço à frente da porta, transmite recados das forças de segurança, se viver no prédio também recebe correio quando não estão, bem como recados, e em suma é o vosso apoio nesse local. Contudo, não é habitual que um estrangeiro alugue casa no Japão a menos que vá ficar mais de 6 meses. Por períodos como um semestre universitário o mais normal é colocarem-vos numa residência universitária.
As residências são sempre sítios onde o ambiente é mais jovial, mas não podia ser mais diferente do ambiente de Coimbra ou de outras famosas “repúblicas”. Aqui os quartos são inspeccionados pela Instituição (nos casos em que vos foi dado) ou, no mínimo, os vossos colegas (japoneses) não vão querer lá entrar se não estiver limpo e arrumado. É raro que as pessoas partilhem o quarto em si, o espaço onde dormem, se não forem família, por isso em princípio não vos vão pôr no quarto com outra pessoa. Existem ainda residências universitárias só para raparigas e outras só para rapazes. As das raparigas – porque não estive nas outras – têm segurança à porta ou até uma câmara de filmar, e vocês podem mesmo perder o direito de uso se violarem a regra e deixarem entrar rapazes.
Se ficarem num programa de Home Stay – viver com uma família japonesa – é quase certo que vos vão pôr num quarto com cama ocidental. Não passa pela cabeça dos japoneses que vocês podem querer dormir num futon (colchão no chão de tatami) e as famílias que têm casas com tatami nem se candidatam a estes programas. De qualquer modo, nas cidades as casas não costumam ter tatami excepto numa divisão pequenina que só se usa no verão e pelo membro mais velho. O Home Stay é uma experiência espectacular porque os japoneses em casa são muito descontraídos, divertidos, ajudam-se muito uns aos outros, e vão estar desejosos de vos mostrar redondezas e de fazer comida que torna os jantares em banquetes. Pode ser até demais!
Por isso ofereçam-se para ajudar, para coisas como lavar a loiça, estender roupa, pôr o lixo na rua, etc. Gestos como ajudar nos trabalhos de casa de inglês dos irmãos mais novos ou ser rápido a tomar o duche e o pequeno-almoço para não atrasar ninguém de manhã irão contribuir para a harmonia do lar e todos vão ficar a sentir-se bem convosco em casa. Esta ideia de “harmonia do lar” é muito importante na cultura japonesa. Depois da vossa estadia será difícil separarem-se, viver com uma família japonesa dilui as distâncias e os afectos criam-se muito rapidamente, por isso se existirem crianças não se admirem que chorem. É mesmo uma “coisa que se entranha” mas será mais fácil se trocarem endereços de email e de facebook, viva a internet!
Por fim, se vão passar pelo Japão tirem pelo menos um fim-de-semana para irem a um ryokan, de preferência associado a termas/onsen. Mas mesmo nas cidades podem existir casas de hóspedes (guest house) com pequenos apartamentos em estilo de ryokan e que, por não terem a parte das onsen e da gastronomia, são mais acessíveis. Porque é que devem ir a um sítio destes, ou até alugar um quarto tradicional por uma temporada? Porque viver numa divisão de tatami, dormir num futon, abrir portas que deslizam, a mesinha lacada ao lado, a yukata vestida, e o chá verde a fumegar é uma experiência que não vão querer perder!
Uma vez estando no Japão perguntem e perguntem que vão encontrar sítios destes nas cidades (excepto Tokyo, Osaka e essas grandes). No campo então ainda é mais fácil, e as divisões são maiores. Um apartamento para duas pessoas (com 2 set de futon) WC e banho próprio irá custar 800 euros por um mês (eu fiz isto em Nagasaki) se reservarem com antecedência. Este exemplo que vos dou incluiu todos os consumos (água, luz), mudança de toalhas e limpeza diária, chá verde todos os dias, wireless ultra rápida, TV, frigorífico, micro-ondas, e no hall tinha lavandaria, secador e água quente/fervida.
Seja qual for a vossa escolha, boa estadia!
Escrito por: Inês Carvalho Matos
Kawaii Dany
Muito fixe.
Adorei, altamente ;D
t3tsuo
Obrigado pelo comentário.
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Boas leituras!
leidiane
muito massa gostei muito acho que vou seguir essas dicas