Num dos textos anteriores falei em como é maravilhoso e simples viajar de comboio com um Japan Rail Pass. No entanto, se estiverem numa só cidade e apenas forem dar umas voltas dentro do mesmo município, o mais provável é que o comboio não seja o único transporte público que utilizam.
Nesse caso podem usar também o autocarro (bus) que em japonês se pronuncia “báss(u)”. As redes dos autocarros são mais difíceis de compreender que as dos comboios mas felizmente existem “websites” com bons simuladores de percurso. O “Hyperdia” é um bom exemplo e é em inglês.
Os condutores de autocarro no Japão, como aliás também os funcionários das companhias ferroviárias, têm uma forte consciência de “representar a companhia”, e por isso têm um código de comportamento e vestimenta rigoroso. Usam sempre o chapéu e as luvas brancas.
Os condutores são extremamente focados na condução e não interagem com os passageiros. Quando uma pessoa anda num autocarro pela primeira vez estranha o modo como eles executarem gestos e pronunciam frases curtas que são “mecânicas” e dizem respeito ao percurso (tipo “entrada em zona escolar, redução para 30 km hora”), mas na verdade fazem-no num registo tão grave e num volume tão baixo que depressa se habituam a deixar de os ouvir.
A voz mais presente nas viagens de autocarro – e essa sim pode tornar-se irritante – é a gravação de uma voz feminina que diz o nome das paragens e avisa quando alguém carregou no botão para parar. Naturalmente que o tom é educado, mas se a vossa viagem for de mais de uma hora a voz mete-se na cabeça… É da maneira que nunca mais se esquecem que “tomarimasu” (止まります) significa parar!
A parte mais importante de andar de autocarro é exactamente o início, ou seja, o que têm de fazer assim que põem o pé no veículo. Mesmo ao lado da porta, do lado esquerdo para quem entra (uma vez que a direcção do trânsito é ao contrário de Portugal) existe um distribuidor de bilhetes. Este bilhete de entrada é que vai permitir pagar a viagem no fim e só pode ser retirado durante o período de tempo em que a porta se encontra aberta! Sim, é mesmo isso, se não o tiram (e ele está em baixo, à esquerda) só podem tirá-lo da próxima vez que o autocarro parar e enquanto a porta está aberta.
Mas como nessa altura há outras pessoas a entrar no autocarro e vocês já lá estão dentro teriam de ir “contra a corrente”, o que causa muitos inconvenientes à forma previsível e harmoniosa como no Japão é suposto que tudo funcione. Moral da história, não esqueçam de tirar o bilhete e não o percam até ao final da viagem.
O vosso bilhete de autocarro vai ter um algarismo, e esse algarismo é o número da paragem em que entraram tendo em conta todas as paragens na rota desse autocarro. Sobre o vidro da frente do veículo e voltado para os passageiros existe um painel que exibe a numeração das paragens de entrada e o valor em ienes vai crescendo no mostrador à medida que vão cada vez mais longe.
É muito prático! Assim podem ir observando quanto é que a vossa viagem está a custar (se tiraram o bilhete na paragem “1” olham para o preço por baixo de “1”) e preparam o valor a pagar antes de se levantarem para sair.
A parte mais genial de viajar de autocarro (na minha opinião pelo menos) é a máquina de fabricar trocos que está ao lado do motorista, e portanto na saída, e que podemos usar para obter moedas a fim de pagar a viagem.
A caixa de colocação de moedas que está em cima desta máquina de fabricar trocos só aceita a quantia exacta, pelo que esta máquina que troca notas em moedas é mesmo muito útil.
Escrito por: Inês Carvalho Matos