A etimologia da palavra Ko-gal ainda é bastante discutida e não se sabe de onde apareceu. Uma das explicações mais convincentes para o termo é que a palavra deriva de uma aglutinação de duas palavras “Koko” termo japonês que designa escola secundária, ou de “Ko” palavra que significa rapariga ou criança.”gal”, é a transcrição directa do inglês para rapariga.
As Ko-gal são uma subcultura de raparigas e de jovens mulheres que habitam nas áreas mais urbanas do Japão (sendo a zona mais famosa, o bairro de Tokyo, Shibuya conhecido como a “fashion zone”) apareceu nos meados dos anos 90 e ainda hoje se mantém bastante activo.
Muitas das vezes a subcultura Ko-gal está associada a um movimento denominado “Enjo kosai” que podemos traduzir para português como “acompanhante para encontro”. Aparentemente apareceu no final do “boom” económico da década de 80, e alguns dos estudiosos acreditam que ele apareceu para preservar as aparências do nível de vida que anteriormente tinham, apesar das suas familias começarem a ter dificuldades financeiras. Outros defendem o “enjo kosai” como um desenvolvimento natural da sociedade contemporânea capitalista japonesa.
Normalmente são colegiais que se vestem e maquilham de uma maneira muito especial, aproximando-se fortemente da típica rapariga californiana bronzeada (pele morena e um cabelo loiro artificial). Conhecidas também por usarem sapatos com enormes plataformas (com alturas entre os 10 e 12 centimetros) e micro-saias, “toneladas” de maquilhagem, cabelo pintado normalmente loiro e artilhadas com imensos acessórios (relógios, malas, colares, etc). Contudo, as Ko-gal não devem ser confundidas ou misturadas com outras formas de subcultura como por exemplo o “ganguro”, apesar de ambas serem bastante similares. Interessante ou não, pensa-se que o Gothic Lolita (outro movimento de moda “japonês”) apareceu como reacção de “protesto” ao visual das Ko-gal.
Quando estão com o uniforme escolar, tentam adaptar o seu “look” fora do ambiente escolar nos seus uniformes. As sais plissadas bastante curtas e as meias muito altas até ao joelho.
A sua vida social é bastante activa e desejam a toda a hora os acessórios mais “fashion” de momento. Entre esses “gadgets” estão os telémoveis, os acessórios da Louis Vuitton (em especial malas), e as ropupas Burberry. As Ko-gals passam a maior parte do seu tempo livre nas compras em Shibuya, no edificio 109. Durante o verão, algumas Ko-gals podem ser vistas na praia.
Dentro do universo das Ko-gal, existem algumas variantes ou sub-grupos se lhes quisermos chamar assim:
GANJIRO, literalmente “cara branca”. São as que não podiam gastar dinheiro em sesses de raios ultra-violetas ou em bronzeadores. Normalmente usam cabelo pintado de loiro e usam sapatos com plataformas com 10 a 12 centímetros de altura. Alguns analistas sociológicos vêm este como um complexo derivado à baixa estatura de algumas japonesas.
GANGURO, é exactamente o contrário “cara preta”. Todos os seus esforços são dirigidos para que a pele esteja o mais moreno possível e os seus cabelos o mais louro. Normalmente a maquilhagem tende a ser em tons de pastel para que facilmente contrastem com a sua pele morena. Algumas rodeam os olhos com maquilhagem rosa ou branca, à semelhança dos panda. Os lábios também tinham que ser claros. Quando olhamos para estas jovens “ganguro” parece que tentam imitar as cantoras negras norte-americanas.
GONGURO, o prefixo “gon” não tem nenhum significado especial e “guro” signifca cara. Assim podemos catalogar este tipo de moda como sendo as meninas que tem a pele mais escura. Algumas deles são mesmo casos extremos…
YAMANBA é o nome que se utiliza para designar uma personagem do folclore japonês e que podemos traduzir como “bruxa das montanhas”. Inicialmente este mome era dado às “Ganguro” que se maquilhavam em excesso, quase chegando a assustar as pessoas por tão horriveis que ficavam. Por isso, elas próprias adoptaram este nome sem qualquer problemas.
Frequentemente acusa-se as Ko-gal de se prostituirem para poder pagar os suas roupas de marca extremante caras e a maquilhagem que usam. Mas isto não é uma regra.
A forma mais comum destas Ko-gal actuarem é deixarem uns flyers/autocolantes nos postes de electricidade em frente das salas de pachinko (maquinas de jogos com bolas). Homens de meia idade, ou até mesmo mais velhos chamam-nas para se encontrarem com eles vestidas de colegiais ou simplesmente com o aspecto “normal” de Ko-gal. Estes encontros são um motivo para simplesmente darem um passeio e passarem um bocado com estas jovens mais novas, outras vezes desenrolam-se cenas mais explícitas.
Tentam prolongar ao máximo a sua imagem e a sua estadia na escola ou institutos pelo menos até aos 25 anos de idade, antes que adquiram a alcunha de “japonesa solteirona”.
Escrito por: Fernando Ferreira