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Porque o Japão ama Personagens Ficcionais?

Muitos de nós gosta da cultura japonesa pelos aspectos surpreendentes que a caracterizam, sem que nos apercebamos por vezes do quão simples é a explicação para eles. Por exemplo, as pessoas comem peixe cru porque é delicioso e os programas de televisão nocturnos têm mais mulheres jovens porque a maioria da audiência a essa hora são homens jovens. Mas qual será o segredo por detrás do amor pelos personagens ficcionais? Porque é que a lingerie baseada no fato da Sailor Moon esgotou num dia? Porque é que vemos homens de negócios com bonecos no telemóvel e ninguém acha estranho?

Naver Matome publicou um artigo bastante interessante sobre este assunto, apontando como razões principais a Religião (nomeadamente devido ao conceito de Animismo), o Stress e as estratégias de venda das empresas responsáveis pela criação do merchandising de animes e afins.

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Um dos conceitos mais importantes que podemos encontrar no Xintoísmo, a principal religião no Japão, é o do Animismo, a crença de que todas as coisas (montanhas, rochas) possuem alma.

Alguns teóricos defendem que o Animismo é responsável pelo facto das pessoas no Japão sentirem conexões fortes para com coisas não-vivas e em especial com personagens ficcionais. Mas será assim tão disparatado? Mesmo que vocês que estão a ler este artigo agora não compreendam como se pode sentir por um personagem de anime o mesmo que por uma pessoa pensem no seguinte, quantos de vocês conhecem alguém que trata o carro por um nome, como se fosse de facto um ser vivo (isto se não o fizerem vocês).

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Por outro lado, temos outros teóricos que contradizem a ideia acima, defendendo que a nossa amizade por personagens ficcionais deve-se à manipulação exercida em nós pelas estratégias de marketing. Afinal, se conseguirem juntar um produto que nos é útil com uma imagem que nos agrada, passam a ter imediatamente vantagem sobre a competição.

Por exemplo, normalmente usam-se raparigas em anúncios de cerveja ou carros, com o objectivo de atrair a atenção de clientes homens. No entanto, pode ser difícil encontrar uma mulher real que esteja nos parâmetros universais de beleza e a solução mais fácil é contratar um designer que nos crie essa mulher “perfeita” e desejável pela maioria dos homens. O mesmo acontece com produtos destinados a mulheres.

Outro exemplo curioso é o uso de mascotes como ursinhos para publicitar produtos que só são usados em circunstâncias menos felizes, como o caso dos seguros. Perante um animal felpudo e quentinho, sentimos-nos mais confortáveis e à vontade para comprar o seguro.

Tudo isto acabou por levar os adultos a aceitar e adorar estes pequenos personagens tal como já acontecia com as crianças. Com o tempo, os designers começaram a procurar desenhos cada vez mais detalhados, tornando-os mais realistas, o que nos faz ligar mais facilmente, e entramos num ciclo vicioso.

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Uma última razão apontada, é o stress do dia-a-dia. Depois de uma longa semana de trabalho, incluindo poucas regalias e horas-extras não remuneradas, sabe bem sair no fim-de-semana à procura de Hello Kittiy, DvDs de Anime e outros elementos que nos fazem sair do mundo real e entrar num mundo mais feliz.

Fonte: Japan Today
Adaptação: Ângela Costa

5 comments
  1. Ângela

    Peço desculpa, de facto esqueci-me de reforçar a ideia em baixo, já alterei isso. Mas como digo no início do artigo, isto é adaptado de um artigo feito pela Naver Matome. Já agora, que elementos estão confusos?

  2. Vero Ban

    de facto são apontadas possibilidades bastante plausiveis, mas de certo modo, partindo para um ponto de vista antropologico mais global, essas podem ser detectadas nas ditas sociedades desenvolvidas sejam ou não orientais, especialmente em relação a essa necessidade de suspender a consciência para entrar num mundo de fantasia para isso recorrendo, neste caso, à animação, tanto como no uso de arquetipos femininos na publicidade independente de serem ou não um produto de desenho.. No entanto trata-se apenas do meu senso comum a falar 🙂 apesar de ser um tema que dava para fazer uma tese! bom trabalho*

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