Não é preciso ser muito observador para perceber a nítida evolução apresentada pelas séries Tokusatsu desde sua criação até os dias de hoje. Senão vejamos, por exemplo, a cronologia comparando década por década:
Na década de 50, quando foi inaugurado o Universo Live Action, a grande febre na época eram os filmes de Godzilla, os chamados Kaiju Eiga (que no Japão significam filmes de monstros). Já na década de 60, outro herói apareceu nos ecrãs, e nem é preciso´lembrar (Ultraman).
Na década seguinte, os anos 70, foi onde tivemos a consagração de um dos maiores, se não o maior génio da história do Tokusatsu: Shotaro Ishinomori. Foi a década de Kamen Rider e Go Ranger, séries pioneiras dos géneros Kamen Rider e Super Sentai.
Dez anos mais tarde, a década de 80, considerada por muitos, inclusive a grande maioria dos brasileiros como o auge das séries de Tokusatsu, foi marcada principalmente pela introdução do género “Metal Heroes” que, a partir de 1982, com Uchuu Keiji Gavan, passou a dar um novo rumo ás séries Live Actions.
Na década de 90, o reinado da produção japonesa de Tokusatsu foi abalado por uma produção do outro lado do mundo (U.S.A), com a produção dos nossos “amados” Power Rangers. Apesar de não ser uma produção oriental, foi esta série que, de facto, marcou de forma mais significativa a década anterior. Chegados nós há década actual… Bom, é cedo demais para falarmos algo mas, vale a pena fazermos uma previsão:
Vamos analisar, primeiramente, cada género para que possamos traçar um futuro provável para cada linhagem. Começando pela família Ultra: Na década de 60 eles brilharam como os grandes símbolos da cultura japonesa. E não é para menos, séries como Ultraman e Ultra Seven encantaram e continuam encantando pessoas do Japão e do mundo até hoje. No entanto, durante a década de 70 o género andou apresentando sinais de fraqueza e, na década de 80, acabou entrando em profunda crise. Esta crise teve ares de alívio na década de 90, com séries do tipo Tiga, Dyna, Gaia, Neos,… Mas na década actual voltou a ficar um pouco áquem das espectativas. O maior exemplo disso é a nova falta de séries que a Tsuburaya vêm apresentando. A última série do género, Ultraman Cosmos, lançado em 2000, foi a mais recente de todas e, desde então, surgiram 2 novos membros da Nebulosa-78 (Ultraman Justice e Ultraman Boy) que, nem série própria tiveram. O que podemos concluir disso? Ora, está mais do que na cara que a Tsuburaya vive da marca Ultraman, pois um género que existe há mais de 30 anos e que detém recordes de sucesso até hoje não merece e nem vai ser esquecido. No entanto, criar uma série nova, com um novo Ultra, parece ser algo que não atrai mais tanto o público que hoje gosta de ver animes e Super Sentais infantis. Resumindo, a Tsuburaya encontrou uma solução um tanto peculiar: Expandir o género Ultra de forma que não seja necessário criar uma série atrás de outra.
Prova disso é o recente Ultraman Boy, que é usado como pura estratégia de Marketing. O que parece mais provável nisso tudo, fazendo uma previsão para os próximos anos, é acreditarmos que a família Ultra passe a marcar presença de várias maneiras, não exatamente em séries de TV, e sim em jogos, comerciais de brinquedos (Lembra do Ultraman Nice?), crossovers com outro tipo de herói, aparições especiais,… Enfim, Num palpite mais realista, podemos dizer que a Tsuburaya vai tentar manter a Família Ultra viva de diferentes formas, procurando assim manter acesa a chama dos heróis da Nebulosa-78. É a era do Marketing!
Bem… Agora falemos dos Kamen Riders. Impossível descrever a trajetória do género sem lembrar o buraco que existiu entre Kamen Rider J (1994) e Kamen Rider Kuuga (2000). Desde que a nova geração de Riders deu as caras, foi possível notar que a Toei resolveu por sua vez, fazer de uma linhagem tão conhecida um novo estilo de série. Prova disso foi a brusca mudança apresentada pela série Kamen Rider Ryuki (2002). Está certo que Kuuga e Agito também beliscaram o bolo mas a mudança radical mesmo foi do Dragão. Após perceber que a Toei se aproveitou de um nome importante como Kamen Rider para facturar horrores (lembrando que Ryuki foi um sucesso avassalador na venda de brinquedos), a empresa passou a investir em um género capaz de agradar o público adulto com suas histórias inteligentes e, é claro, faturar na venda de brinquedos.
>Em 2003, Kamen Rider Faizu seguiu os passos e, mais uma vez, vimos um herói de mesmo nome e mais nada. Muitos dizem por aí que a Toei decidiu juntar os géneros Kamen Rider e “Metal heroes” num só, o que parece cada vez mais verdade e, conseqüentemente, o adeus definitivo dos heróis de metal. Futuramente, não será de admirar que possa surgir uma espécie de Kamen Rider do Zodíaco (por favor, encarem isso como uma piada) na qual teremos cinco Kamen Riders como protagonistas enfrentando os doze Kamen Riders de Ouro (representados pelos signos do zodíaco) nas doze casas do santuário. Bom, esse exemplo aí foi só para passar uma idéia do que podemos imaginar a respeito do futuro das séries do género, afinal, a Toei vêm a cada ano criando vários Riders para, de forma ambiciosa, sair no lucro através da venda de brinquedos (Veja Ryuki como principal exemplo e também o recente Rider Space).
Mais uma vez o marketing se faz presente. Podemos apostar com todas as fichas que o género dos motoqueiros “gafanhotos” continuará firme e forme, mas sem desacreditar em momento algum que a Toei resolverá por sua vez acabar com a PROLIFERAÇÃO DOS KAMEN RIDERS.
Falando finalmente dos Super Sentais: Bom, eis aí um género que é mais previsível do que qualquer outro. Vejam Digimon Frontier e imaginem realmente a idéia que possivelmente os esquadrões da Toei irão ser. Por que digo isso? Hoje em dia as séries do género estão mais do que nunca voltados para o público infantil (os Kamen Riders existem para a outra geração), e a Toei não vê motivos para deixar de abusar do número de mechas, armas e todo tipo de atracção que resulte em vários brinquedos (leia-se brinquedos como máquinas de criar dinheiro).
Em 2002, Digimon Frontier (O Super Sentai dos animes) foi recorde absoluto na venda de brinquedos (junto a Kamen Rider Ryuki). No mesmo ano, a Toei resolveu fazer do género Super Sentai sua nova arma para a mesma fonte de lucros. Prova disso foi o recente seriado AbaRanger que, com um enredo infantil e mechas pra todo lado, rendeu exatamente aquilo que a Toei queria. Vale a pena também lembrar que os Sentais hoje em dia são feitos como uma espécie de prato cheio para os americanos fazerem o que todo mundo aqui sabe o quê.
Então, como possível destino aos Sentais eu vejo uma série no melhor estilo Digimon, com personagens numa faixa etária de 19 anos (por que apesar de tudo eu ainda duvido que eles cheguem ao ponto de usar crianças como protagonistas) e vários mechas (possivelmente esses mechas irão ter uma espécie de Digi-Evolução). Conclusão: Digimon hoje em dia pode ser encarado como uma visão futurística dos Super Sentai, algo que estamos para ver daqui a uns 10 anos.
Bom, há ainda algumas outras coisas para arriscar um palpite. Vamos falar agora de uma possível rivalidade que está para nascer nos próximos anos: Toei X Toho. Enquanto a outra grande produtora de Tokusatsu (a Tsuburaya) seguirá investindo na marca Ultra através de outros meios de divulgação, a grande concorrência no mercado de séries Live Actions ficará por conta de Toei e Toho. Não, não estou a dizer que Grandseiza será o percursor desta rivalidade. Quero dizer sim, que a Toho está a dar sinais de evolução na produção de séries do tipo. Em breve teremos uma série capaz de concorrer de frente a frente com a poderosa Toei.
Grandseiza, apesar de boa e da grande aceitação que teve pela parte do público, ainda está longe de lutar com as séries da Toei de igual para igual. Esta rivalidade está marcada para surgir daqui a uns 5 anos, creio eu. Na verdade, ela está a começar a dar os primeiros passos, e parece que a Toei ainda não percebeu na grande concorrência que está para chegar em força.
Podemos ainda arriscar um último palpite, falando dos Power Rangers. Detentora dos direitos, a Disney tem condições de criar sua própria série Super Sentai. Mas como o próprio Ricardo Cruz do site Awika disse: “Não se mexe em time que está ganhando! É, mas nenhum time ganha pra sempre, um dia ele perde”.
Acho que no momento em que o contrato com a Toei enfraquecer, os Power Rangers estiverem a lucrar o suficiente e, as produções japonesas estiverem a ficar mais fracas do que as americanas (eu infelizmente acredito nesse desfecho) a Disney vai tirar o cavalinho da chuva. É o meu palpite mais arriscado mas eu acho que no dia em que isso for viável, a empresa americana vai dar as costas pra Toei e resolver criar seus próprios Power Rangers. Se torço para que isso aconteça? Sim! Torço muito! Assim teremos definitivamente um fim nesse laço “nojento” das séries japonesas com as americanas. Quanto tempo vai demorar eu não sei. Os Super Sentais tèem se vindo a safar de uma grande queda à muito tempo, nas um dia a casa cai e veremos o que isto vai dar.
Enfim, depois de tanto palpite, fica aqui um desafio.
Sabe-se que hoje em dia ninguém quer dar a cara à bater pois aqueles que fracassam em seus palpites normalmente pagam por isso mas como não custa nada e, vale pela ousadia, fica aqui um pontapé inicial para uma futura discussão. Se essa profecia pode ou não realizar-se, só o futuro irá dizer!
Escrito por:Blastred