Quando no mundo do Tokusatsu, Keita Amemiya anuncia que vai fazer uma nova série fora do universo GARO, os fãs do género ouvem e começam a espectacular, até que ponto vai suplantar o franchise que o tornou conhecido? É certo que GARO teve muitos altos e baixos, mas conseguiu sempre voltar em grande.
Na minha opinião o filme “ GARO: Requim” foi o ponto mais baixo do franchise, cinco anos tinham passado da série original e episódios especiais “GARO: Demon Beast of the Midnight Sun”. Depois deste percalço, o franchise ficou revigorado sem medo de arriscar. Com “GARO: The One Who Shines in the Darkness”, uma série passada muitos anos à frente das aventuras de Kouga e explorando outros personagens secundários com vários filme e séries spinoff.
Keita Amemiya é sem dúvida um dos grandes nomes do género, um criador original com personagens criadas de raíz. Podemos dizer que ele é o herdeiro de Shotaro Ishinomori. E há outro paralelo que podemos fazer com Shotaro. Se GARO é o Kamen Rider de Keita Amemiya, Shougeki Gouraiga é o seu Super Sentai.
Infelizmente esta nova série fica muito aquém do esperado. Como GARO este é um Tokusatsu para um público mais adulto, contudo a humor extremamente infantil. A continua objectificação dos personagens femininos é embaraçante, mas infelizmente ainda muito presente em muitas produções media Japonesa.
Esta objectificação é usada como fonte de comédia, os típico planos subjectivos dos personagens masculinos a olhar para partes do corpo da personagem em questão. O vilão da série mostra o seu poder através da estimulação sexual da sua fiel secretária, que o deseja cegamente e que lhe dá prazer através do toque e palavras.
O tom da série é completamente irregular e descontrolado, as variações de registo de comédia para drama, sátira, romance são de tal maneira bruscas, que o poderia ser um os aspectos mais interessantes da série falha redondamente. Nunca durante os 13 episódios da série (parecem muitos mais) nunca percebi o objectivo, se era satirizar os Seitais, se era apenas comédia, ou se estavam a levar o drama de maneira séria.
Na essência da história há um triângulo amoroso entre o Vilão o Herói e claro a amada dos dois, mas falta de compromisso com um tom específico faz com que as partes mais dramáticas, não sejam eficazes. O que também não ajuda, é ter personagem completamente unidimencionais onde qualquer tipo de intensidade dramática cai por terra. Esta é um caso de uma série que se devia ter levado a sério. Há alguma coisa positiva a dizer sobre Shougeki Gouraiga?
Sim, os fatos são extremamente detalhados e inventivo, bons efeitos especiais digitais e práticos. As coreografias de luta estão muito bem conseguidas.
Shougeki Gouraiga desiludiu bastante, é uma falsa partida daquilo que pode ser um novo franchise de enorme potencial, para isso Keita Amemiya tem que decidir se quer fazer sátira a tokusatsu ou fazer tokusatsu seja com ênfase na comédia ou drama.
Escrito por: Ivo Brito